Comissão de Assuntos Econômicos do Senado | Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, presidida pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), vai votar nesta terça-feira (14) requerimento de convite para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vá ao Congresso Nacional debater a absurda manutenção da taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano, a mais alta, em termos reais, do mundo.

Vanderlan Cardoso afirmou, em entrevista à CNN, que a política de juros mantida por Roberto Campos Neto, indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, tem dificultado a vida dos empresários e atrapalhado a economia.

“Com esses juros, realmente, vai parando. Já começou a parar. Nós temos que, de uma forma madura, com diálogo e números nas mãos, procurar uma alternativa, porque o país não pode continuar nessa forma”, disse o senador.

“Precisamos achar uma maneira desses juros serem reduzidos. O atual patamar da taxa básica de juros tem gerado muito debate na área econômica sobre a obrigação do Banco Central em reduzir esse índice”, continuou.

Segundo Vanderlan, o convite vai ser uma oportunidade de Roberto Campos explicar o porquê desse “comportamento do juros, da taxa Selic não baixar”.

A taxa básica de juros (Selic) é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), controlado pelo Banco Central. Na última reunião do Copom, foi decidido que os juros permaneceriam em 13,75% ao ano, deixando o Brasil com os juros reais, quando é descontada a inflação, mais altos do mundo, cerca de 8%.

De acordo com o senador Vanderlan Cardoso, Roberto Campos Neto compareceu ao Congresso sempre que convidado. Sua presença poderá ser marcada para o dia 4 de abril.

Essa data é depois da próxima reunião do Copom, que está marcada para o dia 22 de março.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou que a alta dos juros tem afetado empresas que pegaram empréstimos quando os juros estavam mais baixos. “A virada foi muito forte. Quando a taxa [Selic] estava a 2%, tenho conhecimento de empresas sólidas que tomaram [crédito] a 6%. Hoje, esses mesmos empresários estão rolando a 20%”, disse.

O senador Vanderlan Cardoso disse que Haddad tem razão. “Muitas empresas contrataram empréstimos a juros bem mais baixos do que os que estão aí hoje. Subiu bastante [os juros] e essas empresas estão com bastante dificuldade de honrar esses compromissos. Algumas até estão com pedidos de falência”.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta que a queda da indústria de transformação em 2022, de 0,3%, foi “em consequência, sobretudo, dos efeitos causados pela política monetária contracionista”, isto é, dos juros altos.

O economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, alerta sobre a necessidade urgente da “diminuição do custo do crédito a partir da redução da taxa básica de juros e adoção de políticas voltadas à redução do endividamento das empresas e famílias brasileiras”.