Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic e a premiê Ana Brnabic lideram o Ato de repúdio à Otan | Foto: Divulgação

“Quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiu bombardear a Sérvia há 24 anos, o direito internacional foi violentado”, constatou o presidente daquele país, Aleksandar Vucic, na última sexta-feira, passagem de aniversário do início dessa agressão contra o povo sérvio.

“Passaram-se 24 anos desde que arrancaram uma parte do nosso país, matando crianças e civis, militares e policiais. De onde obtiveram o direito de matar o povo, os nossos militares e policiais? Quem lhes deu o direito?”, questionou Vucic na cerimônia realizada na Praça de São Jorge, na localidade de Sombor, onde em 24 de março de 1999 caiu a primeira bomba da Otan em território sérvio.

O então presidente dos EUA, Bill Clinton, anunciou o lançamento dos ataques contra a Iugoslávia em um discurso em 24 de março de 1999, justificando-o como “uma intervenção humanitária”.

Foram 78 dias de bombardeios, à revelia da ONU, o que incluiu crimes de guerra como o ataque com míssil à embaixada chinesa em Belgrado, a destruição da sede da TV estatal, um trem lotado de passageiros destroçado, além de escolas, asilos e sistema elétrico atingidos, com mais de 2.500 civis sérvios mortos, milhares de feridos e perdas econômicas estimadas em 100 bilhões de dólares.

Também foram lançadas entre 10 e 15 toneladas de urânio depletado que provocaram desastre ambiental e aumento em cinco vezes da incidência de casos de doenças oncológicas.

Após os bombardeios, desencadeou-se uma tragédia que deixou um território aberto para o Ocidente, especificamente os Estados Unidos, instalar uma base militar em Kosovo, que fazia parte da Iugoslávia, para implantar seus interesses estratégicos na área dos Bálcãs.

“NUNCA ENTREGAREMOS A SÉRVIA”

O ato desta sexta-feira também contou com a presença da primeira-ministra do país, Ana Brnabic, do co-presidente sérvio da Bósnia-Herzegovina, Milorad Dodik, além de patriarcas religiosos e outros membros do gabinete sérvio.

“Desde então [o atentado de 1999], nada do que acontece no mundo pode ser pior do que fizeram a um pequeno país, cujo único defeito era querer ser dono de sua própria terra, ser livre, libertário e isso não agradou aos que acham que são eles os únicos que decidem tudo”, sublinhou o presidente sérvio.

“Minha mensagem para vocês é que queremos paz, não queremos nenhum conflito, nem com a Otan nem com ninguém, mas vamos proteger nosso país. E quando lhe dissermos quais são as nossas linhas vermelhas, não nos pressionem mais, porque então você receberão uma resposta da orgulhosa, digna e heroica Sérvia. E nossa resposta é: nunca entregaremos a Sérvia”, afirmou Vucic.

O presidente também acusou a Otan de ter mentido para justificar o ataque ao país, argumentando que havia um desastre humanitário em curso.

“Eles não impediram nenhuma catástrofe humanitária, eles armaram grupos rebeldes em uma nação livre e soberana que não cruzou o território de outro estado nem por uma polegada ou um dedo”, enfatizou.

A Sérvia jamais reconheceu a secessão unilateral de Kosovo realizada sob ocupação da Otan, e travestida em 2008 de “independência”, que também não foi reconhecida por países como a China, Rússia, Índia, Brasil, África do Sul e Espanha.

Em finais da década de 90, Vucic foi ministro da Informação no Governo do Presidente da Iugoslávia Slobodan Milosevic.

Fonte: Papiro