Petroleiros cruzam os braços nesta sexta (24) contra privatizações
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados irão realizar na próxima sexta-feira (24) uma grande paralisação nacional em protesto contra as privatizações da Petrobras e pela saída de diretores bolsonaristas que ainda ocupam cargos na companhia.
Em nota, a FUP coloca que os indicados de Bolsonaro que ainda estão na empresa “correm contra o tempo para concluir as vendas de ativos e boicotam as propostas de reconstrução da estatal.”
A Federação contesta, principalmente, as privatizações da Refinaria Landulpho Alves (BA) e Lubnor (CE), assim como de polos de produção do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo.
A partir da paralisação do dia 24 serão realizadas assembleias pelos sindicatos para a deliberação de estado de greve.
Para Fátima Viana, diretora da FUP e do Sindipetro- RN, “se existe pressão de forças organizadas lideradas por fundos financeiros, é preciso que as forças sociais defensoras da reconstrução nacional se façam ouvidas”, diz.
Privatizações não foram suspensas
No dia 1 de março, o governo federal solicitou à Petrobras a suspensão de privatizações em andamento por um prazo de 90 dias “em razão da reavaliação da Política Energética Nacional atualmente em curso e da instauração de nova composição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)”.
Porém, como aponta Fátima Viana, “não se passaram nem 30 dias e a gestão da Petrobras, em confronto direto com o presidente da República, deu prosseguimento ao processo de doação e transferência do patrimônio público para o setor privado, em prejuízo do interesse público, como é o caso da venda fraudulenta do Polo Potiguar.”
A suspensão é uma medida imprescindível, segundo Fátima, para averiguar se as vendas da Companhia foram feitas de forma correta.
“Tais vendas foram feitas de forma irregular e sem transparência, seja em relação à origem e capacidade dos compradores, seja em relação ao valor. As denúncias sobre tais fatos estão nos órgãos de fiscalização e no poder judiciário”, aponta.
De acordo com a sindicalista, até que a nova direção da companhia seja confirmada no final de abril, na assembleia geral dos acionistas, é preciso acabar com a “cultura bolsonarista” na empresa.
“Não se justifica a continuidade das doações e transferências, porque a empresa é brasileira, deve obediência às leis nacionais. A permanência da cultura do período bolsonarista de captura do estado por interesses minoritários particulares não tem respaldo técnico ou político e precisa ser erradicada”, critica.
Na mesma linha, Pedro Lúcio Góis, diretor da FUP, do Sindipetro/RN e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), coloca que a paralisação visa pressionar para que o governo Lula assuma de vez o controle da estatal.
“Nossa paralisação nacional é justamente para solicitar que o governo Lula assuma o controle da Petrobras. Dentro dessa perspectiva, a gente prevê ainda a aprovação de estado de greve nas próximas semanas, caso as privatizações continuem. Basicamente, é uma denúncia de que a gestão bolsonarista ainda está na direção da Petrobras e precisa sair, para que a gente possa ter a implementação do programa que foi eleito nas urnas, contra as privatizações e pela retomada nos investimentos da Petrobras no Brasil.”
Pedro Lúcio reforça que a exigência dos petroleiros se deve à continuidade das privatizações pela Diretoria Executiva atual, indicada pelo governo anterior, mesmo após pedido do novo governo pela suspenção por 90 dias.
Novo projeto
A categoria dos petroleiros ofereceu ao presidente Lula e ao presidente interino da Petrobras, Jean Paul Prates, um novo projeto para a companhia com foco na retomada dos investimentos e na construção da transição energética, explica Fátima. Com este novo modelo seria possível sustentar a retomada do crescimento e a geração de empregos.
“É preciso ampliar a capacidade de refino, adotar novo modelo de precificação dos derivados e, sem prejuízo dos acionistas, adotar nova política de dividendos que contemple a retomada dos investimentos e a exploração de novas fronteiras. [Por isso] a recuperação dos ativos da Petrobras é absolutamente necessária para reconstruir a economia, recompor direitos, gerar emprego e valorizar o trabalho. Esse é o caminho para consolidar a soberania nacional, a democracia e para garantir vida digna ao povo brasileiro”, completa a dirigente da FUP e Sindipetro- RN.
*Com informações CTB