Os herdeiros dos colaboracionistas de Hitler derrotados na Ucrânia tentam em vão borrar a história | Foto: Divulgação

O jornalista ucraniano Oleg Yasinsky, que vive na Rússia, denunciou em uma crônica o regime fantoche de Zelensky pela retirada em fevereiro do monumento da Praça da Vitória ao general soviético Nikolai Vatutin, que libertou Kiev do jugo dos hitleristas e dos colaboracionistas.

A destruição do monumento, este ato covarde de vingança contra um homem morto – sublinhou o autor – “não moverá o tempo nos relógios da história nem por um segundo”.

“Por que isso é feito apenas hoje? Para que ninguém tenha dúvidas sobre a natureza do atual poder de Kiev e depois legalize formalmente as saudações e suásticas nazistas tão populares agora em seus corredores e tão invisíveis para os humanistas europeus?”, questiona.

“Minhas primeiras fotos de infância são do lugar mais bonito de Kiev – o Parque Marinsky. Memórias da vida distante de um enorme país pacífico que não existe mais”.

“No coração do parque havia um enorme monumento, e nós, crianças soviéticas, sabíamos muito bem desde nossos anos de escola que era o túmulo do principal comandante militar das tropas do Exército Vermelho que no outono de 1943 libertou nossa cidade de seus piores inimigos: os fascistas alemães”.

Nos anos 70 do século passado – ele relata -, a memória da guerra ainda estava próxima, e os nossos ainda não velhos avôs e avós iam às nossas escolas no dia 1 de setembro para nos dar a primeira aula com que começava cada ano letivo.

“Foi ‘a aula da bravura’, onde aprendemos a mais terrível e ao mesmo tempo a mais simples, mais humana e mais informal verdade sobre a grande tragédia e a grande vitória do nosso povo. A tarefa de nossa geração era absorver aquela memória histórica que nossos ancestrais que partiram nos deram; deixaram-nos as suas memórias como um tesouro frágil, como se ao perdê-lo deixássemos de ser nós próprios. Acabamos sendo maus alunos”.

“Há algumas semanas, à vista da Ucrânia, da Europa e do mundo, as autoridades de Kiev, da forma mais diária e impune, realizaram o seu antigo sonho: o monumento ao general soviético Nikolai Vatutin, o libertador de Kiev dos inspiradores ideológicos do atual governo ucraniano, foi destruído”.

Sabe-se que em sua vida terrena anterior, Vatutin foi assassinado pelos ucranianos aliados dos nazistas e é por isso que seus seguidores atuais têm suas contas especiais com ele, já que o general lutou contra os fascistas sem dar muita atenção à sua origem nacional.

Yasinsky registra que há um ano e meio, quando depois de muitos anos fora de Kiev, esteve diante do monumento à rebelião operária da fábrica ‘Arsenal’, no bairro de Pechersk, bem perto da estátua e túmulo do general Vatutin, leu no monumento profanado “a nova versão desta história”.

Palavras emolduradas em um desenho típico para a estética desse poder literalmente dizem que “em 22 de janeiro (4 de fevereiro) de 1918, os militares ucranianos liderados por Simon Petliura e Evgen Konovalets derrubaram uma conspiração covarde dos bolcheviques de Moscou contra o estado “Ucraniano. Glória aos heróis!” etc…

Segundo a mesma mitologia, “Petliura era um ‘socialista’”. Daqueles que então organizaram pogroms contra os judeus e agora apoiam o bombardeio do Donbass, que adoram a Otan, ignoram o drama de Assange e defendem o ‘capitalismo civilizado’, assinala o autor.

“Vendo tudo isso, entrei imediatamente no parque em direção a Vatutin e vendo o monumento no lugar, pensei que a destruição do túmulo do general era apenas uma questão de tempo. E agora, apesar das leis da natureza e da memória humana, os nazistas estão tentando matar Vatutin mais uma vez”.

“Não quero falar sobre os “fascistas ucranianos”, já que qualquer subespécie de fascismo não tem pátria e é um inimigo igual de todos os povos e culturas. Claro, suas raízes não estão em seres miseráveis como Zelensky ou Biden, mas em um sistema gerado pela civilização ocidental”.

Só alguém muito ingênuo – destaca Yasinsky – pode pensar que a decisão de destruir os monumentos aos soldados soviéticos é tomada em Kiev, Lvov, Praga ou Varsóvia. “Mas sabendo quem são os amos, não vamos desobrigar os executores: eles sabiam muito bem que tipo de trabalho iam fazer”.

“Um amigo de Kiev, um dos poucos que não se juntou à loucura em massa, me disse que uma das principais características das autoridades atuais é sua total incompreensão e ódio por Kiev. Essas pessoas, que rapidamente e inesperadamente tomaram o poder no país, de repente se viram com uma história e uma paisagem que não cabem em seu pequeno mundo”.

“É por isso que eles se sentem cercados por elementos inimigos puros: de cada pedra nas ruas de Kiev e até da linguagem das gerações que pisaram nessas pedras, e qualquer excursão ao nosso passado recente envolve risco mortal, pois semeia dúvida e vergonha. São estrangeiros a serviço de estrangeiros. Sua paixão pela destruição e mentiras é por medo, eles entendem que já perderam. O tamanho da nossa verdadeira história e a pretensão desses pequenos seres em reescrevê-la são incomparáveis”.

“A destruição do monumento ao General Vatutin não moverá o tempo nos relógios da história nem por um segundo. Este ato covarde de vingança contra um homem morto não influencia nada e nada muda”.

“Em pouco mais de três décadas de pseudoindependência da Ucrânia, seu poder deu um verdadeiro salto da mais próspera e desenvolvida república soviética não apenas para o país mais pobre da Europa, mas também para as cavernas da pré-história humana”.

Se o regime de Kiev tivesse algum tipo de valor, mesmo que errado ou muito ignorante em sua discussão com o governo russo ou com seu próprio passado, jamais permitiria a destruição sistemática do que há de mais sagrado em seu próprio povo: os túmulos de nossos pais e avós, vencedores do fascismo. Precisamente nisso se reflete o mal sem limites e a ultrapassagem sem volta de todos os pontos de contato com o mundo do que é humano”.

Fonte: Papiro