Marielle Franco | Foto: Guilherme Cunha/Alerj

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam cinco anos nesta terça-feira (14), sem resposta sobre seus mandantes As investigações levaram, em março de 2019, à prisão de dois executores: o policial militar reformado Ronnie Lessa, por ter atirado na vereadora; e o ex-policial militar Elcio de Queiroz, que dirigia o carro que emparelhou com o da vereadora. Os motivos e os líderes do atentado permanecem desconhecidos.

Até hoje, a prisão da dupla permanece como fato de maior destaque das investigações. Na ocasião, tanto o Ministério Público do Rio (MP-RJ) como a Polícia Civil, responsáveis pelo caso, afirmaram que a motivação do crime seria esclarecida na segunda fase da investigação. Porém, passados quatro anos, uma pergunta segue sem resposta: quem mandou matar Marielle?

A principal questão não foi respondida. O primeiro inquérito, que concluiu a participação de Lessa e Queiroz, não conseguiu definir se eles agiram sozinhos ou a mando de alguém. Outro inquérito foi aberto, mas desde 2019 não há novidades sobre os mandantes.

Nos últimos cinco anos, o Caso Marielle já foi comandado por cinco delegados diferentes e três equipes de promotores. A última mudança aconteceu há cerca de 10 dias, quando o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, escolheu sete novos promotores para integrar a força-tarefa coordenada por Luciano Lessa, chefe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As trocas constantes de comando receberam críticas de familiares e movimentos sociais nesses cinco anos, e levaram a suspeitas de obstrução nas investigações.

O novo comando do MPRJ disse estar comprometido em “não chegar a uma conclusão açodada, divorciada da realidade, mas de realizar um trabalho técnico e sério, voltado para identificar todos os envolvidos”. Sobre os mandantes e o motivo dos assassinatos, afirma que as dificuldades são maiores por ser “um crime onde os executores são profissionais, que foram policiais militares, que sabem como se investiga”.

Cinco anos sem Marielle e Anderson

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, lembrou o assassinato da vereadora e criticou a forma com que as autoridades anteriores lidaram com o caso. Para Dino, após a parlamentar ter sido assassinada, em 14 de março de 2018, junto com seu motorista, Anderson Gomes, políticos “se dedicaram a matá-la novamente”.

“A manipulação de afetos é constituinte da luta política. E manipulação de afetos sobretudo na sua dimensão do ódio. O que foram os dez últimos anos da política brasileira? A hegemonia do ódio. De 2013 a 2023. Marielle foi assassinada e, no dia seguinte, políticos e autoridades do Poder Judiciário, entre outros, dedicaram-se a mata-la novamente. Até hoje é como se houvesse um homicídio por dia. Esse caso da Marielle serve de referência para aquilo que o Brasil não deve ser”, afirmou Dino durante o seminário ‘Liberdade de Expressão, Redes Sociais e Democracia’, na Fundação Getúlio Vargas, nesta segunda (13).

Repercussão das redes sociais

Nas redes sociais, autoridades políticas e personalidades também questionaram o caso que está a cinco anos sem solução.  

O amigo e aliado político de Marielle, Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur, disse em suas redes sociais que “hoje é um daqueles dias em que a saudade aperta mais. Nós caminhamos e conquistamos muita coisa juntos. É em nome da memória e da luta dessa mulher incrível que nós seguiremos firmes exigindo respostas, 5 anos após esse crime brutal” e pediu “justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes”.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) também se manifestou. “Cinco anos da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson. Cinco anos sem resposta, sem justiça e sem conclusão para um crime político que fere a nossa democracia! Cinco anos é tempo demais! QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?”

O deputado Federal Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que “completam-se 5 anos do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Há 5 anos, uma pergunta que paira: quem mandou matar e por quê? A força de Marielle sobrevive em cada mulher negra, em cada jovem da periferia que luta por um Brasil justo. MARIELLE VIVE!”

Eliane Brum, jornalista e colunista do El País, disse que é “preciso gritar” e escreveu em caixa alta: “Cinco anos sem Marielle Franco e sem Anderson Gomes. 1.826 dias sem Marielle e sem Anderson. Cinco anos sem saber quem mandou matar Marielle. Cinco anos de indignidade para o Brasil, porque um crime impune violenta todo um país. Em caixa alta porque é preciso gritar. Até quando?”

A deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) também questionou. “Cinco anos se passaram e a pergunta segue a mesma: quem mandou matar Marielle? Que neste 14 de março seu legado e sua história possam ser lembrados!”

A União Brasileira de Mulheres do Rio de Janeiro (UBM-RJ) publicou uma imagem de Marielle com a legenda: “5 anos e ainda não temos resposta!”

Dabi Balbi, deputada estudal (PCdoB-RJ), disse que “Marielle Franco era uma mulher preta, cria da favela da maré, que trazia consigo os sonhos de toda uma comunidade. Seu assassinato é um crime contra o Estado Democrático de Direito e seus mandantes precisam ser punidos!”

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com informações de agências