A quantidade de médicos contratados é insuficiente para atender bem toda a demanda na Saúde Pública | Foto: EFE

Os profissionais da saúde da Espanha começaram mobilizações na quarta-feira (1) como parte de um protesto de 48 horas, enquanto continua a greve dos médicos de família e pediatras da atenção primária. A manifestação em várias regiões do país reiterou a necessidade imediata de mais recursos para a rede básica de saúde, contratação de profissionais, reajuste dos salários e maior investimento para superar o agravamento da crise no setor.

Os médicos dos hospitais do Serviço de Saúde de Madrid, do Hospital Universitário da Fundação Alcorcón, do Hospital Universitário de Fuenlabrada e da Unidade Central de Radiodiagnóstico iniciaram a greve às 08:00 (hora local), que se prolongará até esta sexta-feira.

A medida ocorre depois que os sindicatos realizaram uma reunião com a ministra da Saúde, Carolina Darias, e com o Ministro Comunitário da Saúde, Enrique Ruiz Escudero, na qual as partes não conseguiram resolver as diferenças.

Nos últimos meses se multiplicaram os protestos de profissionais e usuários devido às deficiências dos serviços de saúde, principalmente em determinadas regiões, sem resposta satisfatória por parte dos governos estaduais nem do primeiro-ministro Pedro Sanchez.

Em Madri, o protesto percorreu o centro e terminou na sede do governo regional na Puerta del Sol, na décima quarta-feira que os médicos marcham em defesa dos seus direitos na capital espanhola.

“Na Espanha, cometeu-se o erro de transferir o Sistema Nacional de Saúde para as Comunidades Autônomas de forma completa, não apenas a gestão. Agora temos 18 sistemas, 18 serviços de saúde diferentes em todos os aspectos, desde o calendário de vacinas, as receitas, os direitos, as obrigações, em tudo”, afirmou Vicente Matas, diretor do Centro de Estudos do Sindicato Médico de Granada. As discrepâncias salariais e nas condições de trabalho, esclareceu, também são o retrato de um país que fragilizou o sistema público para beneficiar a rede privada, que é quem está lucrando com o descalabro reinante.

Atualmente, a quantidade de atendimentos para os médicos e enfermeiras é de 1.300 pacientes mensais e de 1.000 para pediatras. “Isso significa apenas 10 minutos de atenção aos adultos e de 15 minutos para as crianças. Reivindicamos um máximo de 31 pacientes em nossa agenda diária – que já é muito -, sem o que a qualidade do atendimento continuará, obviamente, muito prejudicada”, declarou Maria Justicia, do Sindicato dos Médicos de Madri (Amyts).

Nesta quarta-feira, 1º de março, a Confederação Estadual dos Sindicatos Médicos (CESM) convocou uma greve por tempo indeterminado que terá início no dia 11 de abril.

Fonte: Papiro