Americanas | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O juiz Paulo Assed Estefan, responsável pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, ordenou neste sábado (11) o levantamento do sigilo que cobria os processos relativos à recuperação judicial da Americanas. A decisão trará à luz os detalhes da operação de fraude bilionária do trio Lemann, Sicupira e Telles, donos da Americanas.

O magistrado também autorizou a divulgação de detalhes sobre um financiamento especial que a rede de varejo busca, chamado DIP, que é um tipo de empréstimo destinado a empresas em dificuldades financeiras. Os credores, que foram lesados pela fraude, estão brigando na Justiça para serem ressarcidos das quantias perdidas com o golpe.

No sábado, o juiz determinou que o cartório da 4ª Vara Empresarial registre todos os advogados habilitados pelos credores do Grupo Americanas, para que possam ser intimados e acompanhar as decisões proferidas no processo de recuperação judicial.

De acordo com a decisão judicial, as informações referentes ao escândalo, denunciado pela Associação Brasileira dos Investidores (Abradin) e toda a investigação realizada pela Preserva-Ação Administração Judicial, pelo advogado Bruno Rezende e pelo escritório de advocacia Zveiter, sobre as discrepâncias contábeis apresentadas pelo Grupo Americanas serão disponibilizadas para consulta pública.

Paulo Assed Estefan, ao decidir derrubar o sigilo, levou em consideração o “relevante interesse econômico e social” envolvido na recuperação judicial da Americanas. A empresa anunciou em janeiro um déficit de R$ 20 bilhões e dívidas que ultrapassam R$ 40 bilhões. Em entrevista à CNN na sexta-feira (10) o ministro da Fazenda Fernando Haddad classificou a operação como fraude.

Depois de muita pressão, o trio de controladores da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles decidiu nos últimos dias aumentar o valor da capitalização na rede para R$ 10 bilhões, incluindo o valor obtido com o DIP. No entanto, os bancos que levaram o calote ainda não chegaram a um acordo, já que desejam uma quantia maior, em torno de R$ 15 bilhões.

HISTÓRICO

A Americanas, empresa controlada pelos três homens mais ricos do Brasil, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, sócios do 3G Capital, foi pega numa fraude contábil ao esconder um rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço. O rombo em seu balanço, somado às dívidas da empresa, ultrapassa R$ 40 bilhões. Os donos da Americanas esconderam passivos equivalentes à metade do seu patrimônio. Este foi o maior escândalo do mercado de capitais brasileiro.

O rombo é arrasador para os defensores das privatizações de empresas públicas com o argumento de que o mundo das empresas privadas é mais transparente e seguro do que as empresas públicas.

A maracutaia se deu através da ocultação pela empresa das operações em que ela se beneficiava de financiamento com um banco para a compra de material de fornecedores. O banco antecipava os recursos para o fornecedor. Na sequência, a varejista quitava a dívida com a instituição financeira pagando juros pelo prazo do empréstimo. Essas operações foram cuidadosamente mantidas fora do balanço.

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