Vocês contam lucros, nós contamos vidas humanas, afirma faixa erguida em Atenas | Foto: Reprodução

Com grandes marchas e uma concentração em frente ao parlamento os gregos atenderam ao chamado da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (CSEE) para marcar a greve geral de 24 horas nesta quinta-feira (16) que exigi do governo que aponte e julgue os culpados pelas 57 mortes no acidente ferroviário ocorrido em Tempi. Os trabalhadores vinham alertando para o processo de sucateamento e se avolumavam as denúncias contra a ferrovia privatizada, mas foram desprezados pelas autoridades.

Agora, nas ruas, com uma expressiva participação da juventude, os manifestantes recordaram que há mais de duas semanas, na madrugada de primeiro de março, um trem que transportava 350 passageiros, indo da capital para a cidade de Thessalonika, colidiu com um comboio de carga perto da cidade de Larissa, no centro do país. Até o momento, o máximo que o governo fez foi atribuir a um ferroviário a responsabilidade e admitir “décadas de fracassos” na gestão.

Contra o abandono e o descaso, os manifestantes exigiram ser ouvidos, sustentando a necessidade da atribuição de responsabilidades pela tragédia que ceifou tantas vidas, em meio ao processo de privatização/desnacionalização da Hellenic Train, entregue à Italiana Ferrovie desde 2017, que ficou completamente sem investimento.

“Para os trabalhadores de todo o país, a investigação aprofundada e a atribuição de responsabilidades, bem como a tomada de medidas para que não voltemos a chorar vidas humanas, é uma exigência da sociedade e está no centro da nossa mobilização. Não permitiremos que haja encobrimento, transferência de atribuições e atrasos que levem ao esquecimento”, afirma o comunicado da GSEE. De acordo com a central grega, “as causas do acidente precisam ser totalmente apuradas e os responsáveis revelados”.

Entoando “Você conta lucros e perdas, nós contamos vidas humanas”, os manifestantes se dirigiram ao Parlamento e marcharam até os escritórios da Hellenic Train, erguendo faixas e cartazes em memória dos mortos.

“O trágico acidente teve que acontecer para que as consciências fossem despertadas e a busca por responsabilidades começasse”, condenou o secretário-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE), Dimitris Koutsoubas, que defendeu levar a investigação “às últimas consequências”. Koutsoubas recordou que, no próprio parlamento, “há meses os trabalhadores já haviam alertado sobre um grave acidente na ferrovia, mas também em outras áreas de transporte”. “Mas quem estava ouvindo? Agora, medidas devem ser tomadas”, frisou.

“Quem é o culpado por toda essa situação? Quem criou a escassez de pessoal? Quem cria a escassez na eletrificação e na sinalização? Quem cria escassez dando margem ao superlucro das empresas, ou por outro lado existe um estado obsoleto, destrutivo, hostil ao povo e aos trabalhadores? Eles não respondem, porque eles os administraram, eles os fizeram, eles aprovaram as leis e seus aliados na União Europeia (UE). Esta é a direção e a linha, infelizmente”, sublinhou Koutsubas.

Fonte: Papiro