Juventude francesa tem participação destacada nas manifestações | Foto: Reprodução

Dois milhões de manifestantes voltaram às ruas de Paris e de toda a França nesta terça-feira (28) contra o projeto do governo de Emmanuel Macron que aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima da aposentadoria e antecipa – para 2027 – de 42 para 43 anos o período de contribuição.

“A situação atual não é uma disputa comum. Estamos falando de dois anos de vida roubados dos franceses. A senhora Élisabeth Borne deve sair junto com a sua reforma”, disse Jean-Luc Mélenchon, dirigente do movimento França Insubmissa, condenando “as provocações do governo”.

As lideranças alertam que as medidas foram tomadas sem qualquer debate com o parlamento, e a Ordem dos Advogados de Paris publicou um comunicado condenando “o recurso abusivo da detenção policial de manifestantes”.

O décimo dia de protestos foi marcado por longos atrasos no transporte público da capital, no serviço de trens a nível nacional e também pela greve do setor aeroviário. Houve confrontos com a prisão de mais de duas centenas de pessoas que defendiam seus direitos erguendo suas vozes, faixas e cartazes, frisando a necessidade de que a decisão sobre as suas pensões passe por uma votação na Assembleia e não na fúria de um canetaço.

Em vez de diálogo, a tropa de choque disparou um tsunami de granadas de gás lacrimogêneo e abusou da violência para tentar dispersar a multidão, que defendia a imediata abertura de negociações com os sindicatos e o respeito à vontade popular, que majoritariamente é contrária à reforma.

Diante da intransigência governamental, as centrais sindicais convocaram na noite da mesma terça um décimo primeiro dia de “greve e manifestações” para a próxima quinta-feira (6).

Cerca de 49 pessoas foram detidas em Nantes (oeste), onde uma agência bancária foi incendiada, e seis outras foram detidas em Rennes (oeste), sede de inúmeras confrontos, disseram as autoridades. No leste, Estrasburgo, Besançon e Nancy também registraram fortes embates com a polícia, enquanto em Toulouse (sudoeste) a repressão fez uso de um canhão de água para tentar dispersar uma passeata.

Em vez de diálogo, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, havia anunciado um “dispositivo de segurança sem precedentes” com “13.000 policiais e gendarmes, incluindo 5.500 em Paris”.

Exigindo serem ouvidos, os franceses continuam erguendo bloqueios e piquetes, interrompendo o abastecimento de combustível a várias regiões, estradas e depósitos estratégicos.

Mais de 15% dos postos de gasolina na França estavam com falta de gasolina ou diesel desde segunda-feira. Em Paris, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo estão fechados devido a uma greve, assim como o Palácio de Versalhes. Milhares de toneladas de lixo continuam se acumulando na capital francesa, após mais de três semanas de greve dos lixeiros.

Fonte: Papiro