Deputado federal alemão, Andrej Hunko, do partido Die Linke | Foto: Divulgação

A sabotagem ao gasoduto Nord Stream fez parte de uma guerra econômica travada pelos EUA contra a Alemanha em particular e a Europa em geral, forçando o país a substituir o uso do gás russo pelo gás norte-americano mais caro e prejudicial, afirmou Andrej Hunko, membro do Comitê de Política Internacional do parlamento federal alemão, o Bundestag.

“A Alemanha foi privada da possibilidade de escolher qual gás é melhor, mais barato e qual é melhor do ponto de vista ambiental”, disse ao Global Jornal Times, no domingo (26).

Andrej Hunko lembrou que a Alemanha costumava obter gás natural mais barato da Rússia por meio dos dois gasodutos Nord Stream, mas devido à sabotagem, essa opção não está mais disponível. Por outro lado, sublinhou o político, “agora recebemos gás dos Estados Unidos, GNL, que é muito mais caro e pior do ponto de vista ambiental”.

Ele assinalou que está sendo debatido se os oleodutos Nord Stream podem ser reparados, mas de qualquer forma por enquanto não há essa possibilidade. O legislador acrescentou que o desmantelamento dos gasodutos é uma espécie de guerra econômica não só contra a Alemanha, mas também contra a União Europeia (UE), e que a disposição dos órgãos da comunidade política, da União Europeia, em investigar o crime foi ainda pior do que em Berlim.

De acordo com o jornalista investigativo norte-americano e ganhador do prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, a decisão de sabotar os gasodutos foi tomada pelos EUA em dezembro de 2021. Os explosivos foram colocados em junho de 2022 por mergulhadores, usando como cobertura as manobras anuais da Otan no Báltico. Coube a um avião de vigilância P8 norueguês lançar no local uma boia de sonar em 22 de setembro, que acionou as explosões horas depois. No dia 7 de fevereiro no ano passado, Biden havia garantido que os EUA iriam “eliminar o Nord Stream”.

QUEM SE BENEFICIA?

“Quem se beneficia com isso? Está claro. Predominam os países que exportam gás para a Alemanha, principalmente os Estados Unidos”, disse Hunko.

No entanto, advertiu que isso não significa apenas um aumento do preço do gás para a população alemã, mas também um problema para a indústria nacional. “Quando os preços da energia sobem assim, as grandes empresas não estão mais tão interessadas em ficar na Alemanha. Agora algumas estão se mudando para os EUA. É uma espécie de competição econômica entre EUA, Alemanha e Europa”, acrescentou.

No contexto de rejeição das entregas de gás russo devido à operação militar especial no território da Ucrânia, o governo alemão está promovendo a construção de terminais de recepção de importação de GNL. Eles consistem principalmente em navios e infraestrutura em terra e podem ser colocados on-line mais rapidamente do que os terminais fixos. Um total de 11 terminais de GNL deverão estar em operação até 2026, três deles estacionários.

O custo dos terminais flutuantes de gás natural liquefeito (GNL) a serem construídos na Alemanha mais do que triplicou atingindo 10 bilhões de euros (57 bilhões de reais) até dezembro de 2022. De acordo com o Ministério Federal da Economia, este é o “valor máximo de custos previstos que podem ocorrer entre 2022 e 2038”.

Entretanto, apesar da importância das empresas energéticas russas para fornecer energia aos seus parceiros, os EUA e a UE promoveram sanções contra o gás e o petróleo de Moscou, cancelando mesmo o início do funcionamento do gasoduto Nord Stream 2, que facilitaria a distribuição desta energia para a Europa e até permitir que países como a Alemanha vendam este produto. Outro obstáculo foram os ataques ao Nord Stream 1, que a Procuradoria-Geral da Rússia qualificou como um caso de ato de terrorismo internacional.

Fonte: Papiro