Os milhões de usuários norte-americanos do aplicativo TikTok incomodam Washington | Divulgação

“A superpotência líder mundial não deve temer um aplicativo popular para jovens”, afirmou na terça-feira (28) a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em resposta à decisão da Casa Branca de banir o TikTok de dispositivos federais, o que considerou uma tentativa de usar o poder do Estado para conter de forma desleal empresas concorrentes.

O Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca emitiu orientações na segunda-feira, dando a todas as agências federais 30 dias para limpar o TikTok dos dispositivos dos funcionários. Mandado pelo Congresso, o movimento segue orientações semelhantes do Pentágono, do Departamento de Segurança Interna e do Departamento de Estado, todos alegando suposta coleta de dados pelo aplicativo desenvolvido na China.

“Quão insegura de si mesma pode ser a maior superpotência do mundo para temer um aplicativo favorito de jovens como esse?”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em uma coletiva de imprensa.

“Os EUA têm estendido demais o conceito de segurança nacional e abusado do poder do Estado para suprimir empresas estrangeiras”, continuou ela. “Nós nos opomos firmemente a essas ações erradas. O governo dos EUA deve respeitar os princípios da economia de mercado e da concorrência leal”. 

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo usam o TikTok, do desenvolvedor ByteDance, todos os meses e a plataforma de compartilhamento de vídeo é atualmente o aplicativo de mídia social mais baixado nos EUA, de acordo com análise da SimilarWeb.

Como parte de sua cruzada contra o desenvolvimento chinês, que foi da guerra tarifária às acusações contra gigantes chinesas da alta tecnologia, o governo Trump ponderou uma proibição nacional do TikTok em 2020.

Tendo sido flagrado, graças às denúncias de Edward Snowden, como o país que mais grampeava comunicações e interferia na internet do planeta, Washington passou a projetar sobre a concorrência seus próprios malfeitos, o que não cessou sob Biden.

O diretor do FBI, Christopher Wray, disse ao Congresso no ano passado que “o governo chinês poderia usar [o TikTok] para controlar a coleta de dados de milhões de usuários ou controlar o algoritmo de recomendação, que pode ser usado para operações de influência”.

Uma acusação cínica, dado o peso dos aplicativos norte-americanos, sobre os quais, vide o escândalo Cambridge Analaytica, não se trata de alegações de suspeita sobre coleta indevida de dados, mas constatações. E os algoritmos de recomendação de origem norte-americana não podem ser “usados para operações de influência”?

O governo chinês e o TikTok negaram repetidamente o uso do aplicativo para fins de vigilância ou coleta de informações.

Como a vassalagem é regra atualmente no ‘Ocidente coletivo’, o governo canadense anunciou que também baniria o TikTok de dispositivos governamentais, assim como o faz a Comissão Europeia.

Fonte: Papiro