8M: Defesa da democracia e igualdade de gênero
O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, data que simboliza a luta histórica das mulheres por direitos e igualdade de gênero desde a sua origem, neste ano, será celebrado pela perspectiva dos avanços em políticas públicas que garantam, não apenas direitos e respeito às mulheres, mas o fortalecimento da democracia.
Após quatro anos de retrocessos sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL), as mulheres já conseguem respirar um pouco mais aliviadas – e mais esperançosas – por mudanças que também coloquem a igualdade de gênero no centro das ações governamentais.
Para fortalecer o 8M deste ano, várias atividades estão sendo organizadas por um grande coletivo de mulheres de partidos de esquerda, entidades feministas, sindicais e estudantis, entidades comunitárias e movimentos variados. Sob o lema “As mulheres, a DEMOCRACIA e a reconstrução do Brasil”, a União Brasileira de Mulheres (UBM) divulgou um manifesto que mobiliza a população para os atos de rua em todo o país. No documento, a UBM reforça que “as mulheres foram fundamentais para a eleição de Lula, por isso mesmo acreditam no avanço de suas conquistas” e, assim sendo, “convoca todas e todos para “fortalecer a democracia com unidade e a Frente Ampla Nacional que resultou em nossa vitória!”. Leia a íntegra aqui.
Além dos atos nos estados, o marco deste 8 de março será o anúncio, pelo presidente Lula, do pacote de medidas para as mulheres que inclui 25 ações envolvendo a luta contra a violência e pela igualdade de gênero em todos os espaços da sociedade. As novas medidas serão apresentadas durante cerimônia no Palácio do Planalto, às 11 horas e o evento será promovido pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Defesa da Democracia
Claudia Rodrigues, presidente municipal da UBM na cidade de São Paulo e integrante do Conselho Municipal de Políticas para Mulheres (CMPM), disse ao Portal Vermelho que a mobilização em torno da data está sendo muito forte. E que tanto a preparação quando a construção do 8M, envolveram reuniões com movimentos e entidades feministas onde vários temas foram discutidos até chegar no tema central do ato: a defesa da democracia.
Segundo ela, todo o processo de desmonte das políticas públicas, na saúde, na educação, no enfrentamento à violência doméstica, no feminicídio, entre outras questões, estão vinculadas ao processo fascista que o Brasil mergulhou com o desgoverno de Jair Bolsonaro (PL). “As mulheres foram decisivas para a alterar esse processo. Os movimentos sociais e as feministas que estiveram nas ruas para dar um “basta!” e eleger o governo Lula”, disse Cláudia.
Ela complementa afirmando que, apesar da vitória de Lula, esse é um processo “caro” e por isso “é importante que as pessoas tenham noção que o governo precisa, na perspectiva de pensar o orçamento do Ministério das Mulheres, retomar o que nós construímos no governo Lula e Dilma, referente aos equipamentos de enfrentamento à violência.” Para ela, é fundamental “colocar na mão de quem mais precisa os recursos da união.”
A presidenta municipal da UBM acredita que a ordem do dia é a defesa da democracia. “Quando você tem um país que respeita as suas instâncias e instituições, você tem um país mais saudável, mais propício a atender as necessidades do nosso povo, que é quem mais precisa”, conclui.
Equidade de gênero
Julieta Palmeira, ex-secretária de Estado de Políticas para as Mulheres da Bahia, afirmou ao Portal Vermelho que “o 8 de março desse ano é o primeiro sob governo Lula e, sem dúvida, marca nossa esperança por dias melhores para a democracia e a conquista da equidade de gênero em nosso país”.
Julieta acredita que as mulheres precisam do “protagonismo do estado brasileiro como indutor da presença de mulheres nos espaços de decisão, em especial no Congresso Nacional”. Para ela, a ausência de políticas públicas indutoras e legislações específicas faz questionar sobre quantos séculos “depois da conquista do voto feminino, que neste ano completa 91 anos, serão necessários para alcançarmos a equidade de gênero na política num país onde as mulheres são maioria da população e maioria do eleitorado”.
Além disso, “o entendimento que não se trata de um segmento minoritário, mas de uma maioria é imprescindível. E essa maioria quer ter a sua marca na democracia brasileira”, enfatizou.
A secretária estadual das Mulheres do PCdoB/SP, Julia Roland, também reforçou a defesa da democracia como tema central neste 8M. “O centro da manifestação é a defesa da democracia e a defesa de salário igual para trabalho igual, o fim da fome, do racismo e da violência contra as mulheres!”
Ela diz que “o movimento feminista seguirá lutando por suas demandas principais” e acredita “que o atual governo terá mais sensibilidade e compromisso para atender a pauta das mulheres”. Segundo Julia, “para avançar serão sempre necessárias a mobilização e a pressão social e tenho certeza que o movimento feminista vai fazer isso”, conclui.
Lucia Rincon, que integra a coordenação do Fórum Nacional pela Emancipação das Mulheres, do PCdoB, diz que “a prioridade é a retomada das políticas públicas”. Para ela, é preciso “avançar nessa pauta e garantir empregos para as mulheres, casa para as mães de família, ou seja, retomada e reconstrução daquilo que viemos construindo.”
Lucia também enfatiza que “a participação política das mulheres é fundamental nos movimentos sociais e nas instâncias institucionais pra gente respaldar as iniciativas e o programa apresentado pelo governo Lula”, afirmou.
Já a secretaria de Mulheres do PCdoB-PR, Elza Campos, avalia que é “uma felicidade ter um Ministério das Mulheres e estarmos apostando na transversalidade desse ministério com as demais políticas públicas, na Saúde, na Educação, na Assistência Social, por conta dos benefícios como o Bolsa Família entre outros, e principalmente para grande maioria da população que são mulheres pobres, indígenas e negras, que sofrem de forma mais violenta. E não é só a questão da violência específica, como a violência psicológica, a violência física, mas a violência por não ter acesso às políticas públicas do estado.”
Elza ainda enalteceu a vitória do “governo Lula diante de uma situação muito difícil” sem esquecer o legado bolsonarista deixado pelo ex-presidente. “Nós estamos assim muito esperançosas porque conseguimos, efetivamente, retirar o Bolsonaro. Mas ainda tem que tirar os bolsonaristas e essa visão fundamentalista, conservadora, reacionária que perdura nas estruturas e afeta muito a vida das mulheres e meninas”, disse.
Ainda sobre a vitória nas eleições, Elza avalia que “foi importante a gente ter essa postura, essa unidade nos setores mais amplos da sociedade sob a direção da Federação Brasil Esperança. Não só para o Brasil, mas para América Latina e para o mundo.”
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