Site da Câmara volta a exibir falas genocidas de Bolsonaro
As recentes denúncias sobre a situação dos yanomamis durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) colocaram em evidência não apenas o descaso do então presidente como sua aversão, já antiga, pelos indígenas. Como deputado, Bolsonaro já havia explicitado sua posição, que reflete a do garimpo ilegal, em fala feita na Câmara em 1998. Estranhamente, conforme noticiado pelo site Congresso em Foco, o áudio disponibilizado no site da Casa suprimia os trechos mais graves do discurso que, agora, voltou a ser exibido em sua íntegra.
Num dos trechos que haviam sumido, Bolsonaro demonstrava mais uma vez sua verve genocida ao dizer: “(…) a Cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema”.
O Congresso em Foco lembra que além dessa fala, “também havia sumido o trecho, do mesmo pronunciamento, em que Bolsonaro criticava a rejeição da urgência para a votação do seu projeto de decreto legislativo que anulava a reserva yanomami. Por 290 votos a 125, os deputados rejeitaram em 30 de agosto de 1995 acelerar a análise do projeto, que acabou arquivado posteriormente”. O então deputado ainda tentou anular a demarcação em outras três ocasiões.
Em outra parte que sumira, Bolsonaro dizia que dava razão aos militares norte-americanos de quererem intervir na Amazônia, uma vez que, em sua visão, os indígenas brasileiros não sabiam o que fazer com seu território.
Apesar dos cortes, a íntegra do discurso consta das notas taquigráficas e no Diário Oficial da Câmara, o que permitiu estabelecer a comparação.
O site havia noticiado o sumiço dos trechos no dia 31 de janeiro e menos de três semanas depois, o registro retornou ao portal da Câmara. Os trechos suprimidos são os mais graves contidos no discurso, feito por Bolsonaro em 15 de abril de 1998.
“Em resposta à reportagem, a Câmara atribui tanto o desaparecimento como o reaparecimento do arquivo sonoro a questões tecnológicas, e não a uma possível intervenção humana para tentar preservar Bolsonaro”, disse o Congresso em Foco.