Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias comemora 90 anos
Uma das principais bases operárias do País está prestes a completar 90 anos. Fundado em 6 de março de 1933, o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região (RS) vai promover uma série de atividades para comemorar seu aniversário. “O sindicato chega aos 90 anos consolidado, enraizado na sociedade e muito respeitado. Que venham mais 90”, diz o presidente da entidade, Assis Melo.
A programação do aniversário inclui atividades culturais, esportivas e políticas. “Vamos nos apresentar a toda sociedade, em diversas dimensões”, resume Assis. O sindicato já está em tratativas com parlamentares para promover sessões solenes na Câmara Municipal de Caxias e na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, uma peça de teatro vai lembrar um episódio marcante na história da categoria: a explosão, em 1943, da Metalúrgica Gazola Travi, uma antiga fábrica de munições na BR-116. Sete operárias morreram e uma teve a perna amputada.
Já no dia 12 de março, um show no Clube do Trabalhador, na Sede Campestre, será o ponto alto das festividades. A dupla sertaneja Rick & Renner é uma das atrações confirmadas. Cada sócio terá direito a dois ingressos e a chope gratuito. Para os não sócios, o ingresso será vendido a R$ 100.
Conquistas e avanços
De acordo com Assis, o sindicato, aos 90 anos, continua “imprescindível” porque “não abriu mão de sua essência – da razão pela qual ele foi criado”. Uma conquista em particular teve alcance nacional: a ação judicial movida pelo sindicato para rever valores pendentes do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Os chamados “expurgos do FGTS” eram referentes ao Plano Verão (dezembro de 1988 a fevereiro de 1989) e ao Plano Collor (abril de 1990). Depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu a causa dos metalúrgicos de Caxias, o governo estendeu o direito a todos os trabalhadores que receberam recursos do FGTS nesses períodos.
Sobre a Convenção Coletiva da categoria, Assis cita dois avanços históricos, que, segundo ele, representam “ganhos econômicos” para os metalúrgicos. Um deles é o desconto menor no vale-transporte. Por lei, o trabalhador pode perder até 6% de seu salário para subsidiar esse direito. Mas em Caxias e região, graças à luta do sindicato, o desconto da categoria é de apenas 3,5%.
O outro avanço é o auxílio-creche, assegurado tanto às mães metalúrgicas quanto aos pais que têm a guarda do filho. “Nossa luta é para que o auxílio-creche seja reconhecido como um direito de toda criança com até 5 anos de idade. Queremos que todos os pais e mães da categoria, com ou sem a guarda, recebam o auxílio.”
Mudanças na base
A aposta do governo Lula na reindustrialização do País pode levar a um crescimento da base metalúrgica na região de Caxias do Sul – que, hoje, tem cerca de 40 mil trabalhadores, em oito cidades. “Eram perto de 60 mil no auge, em 2013”, lembra Assis. Mesmo com o recuo, trata-se, ainda, do maior dos sindicatos operários filiados à Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).
Assis afirma que, proporcionalmente, há cada vez mais mulheres e mais jovens nas fábricas. “A mão de obra feminina já está em todos os setores de uma empresa”, declara. Além disso, a categoria muda conforme funções surgem na indústria. “Assim como as fábricas, o sindicato precisa se adaptar a essas novas funções. É necessário se atualizar e se modernizar sempre.”