"Chegou a hora do pagamento justo pelo serviço de enfermagem", exigem grevistas ingleses | Foto: Anadolu Agency

Dezenas de milhares de enfermeiros e equipes de ambulâncias no Reino Unido iniciaram uma nova greve de 48 horas na segunda-feira (6) em várias partes do país para exigir ajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. O protesto tornou-se o maior da história da saúde britânica, colocando o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, por sua sigla em inglês), como assunto central no país.

Dezenas de postos regionais do NHS foram afetados pelo movimento que conta com o apoio do Colégio Real de Enfermaria (RCN) e dos sindicatos GMB e Unite. 80.000 consultas foram canceladas e 13.000 equipes de ambulâncias também estão em greve nesta terça-feira (7).

É a primeira vez que paramédicos e enfermeiros de ambulância fazem greve ao mesmo tempo. A ação sindical começou em dezembro e não mostra sinais de ser resolvida já que o governo ainda não entrou em negociações com funcionários do setor público.

“As greves dos próximos dois dias serão as mais intensas da nossa história – ocorrerão em 75 instituições do NHS na Inglaterra, contra 44 em dezembro e 55 em janeiro. Membros de outros sindicatos de saúde também estão em greve, tornando hoje o maior dia de greve no NHS”, informou o sindicato dos enfermeiros.

Alguns profissionais de saúde não conseguem mais pagar suas contas de luz, gás ou aluguel e um em cada quatro hospitais teve que abrir bancos de alimentos para seus funcionários. Esse baixo salário contribui para que existam 47.000 postos de emprego de enfermagem vagos, aumentando a pressão e o estresse das equipes de empregados.

Ainda mais sobrecarregados no inverno por doenças sazonais, como a gripe, e ainda com longas listas de espera acumuladas durante a pandemia, os hospitais britânicos sofrem com o subfinanciamento há anos. “Estamos disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, quebramos as costas fazendo o trabalho de três pessoas”, diz Victoria Busk, uma jovem enfermeira do Queen Elizabeth Hospital em Birmingham.

Com uma inflação de 10,5% (dados de dezembro) o RCN está exigindo uma reposição de 12% para todos os trabalhadores do NHS, enquanto os dois sindicatos de ambulâncias estão pedindo um aumento de 12,75%. O sindicato informou que, embora tenha conversado com o governo, o primeiro-ministro Rishi Sunak ainda se recusa a iniciar negociações salariais formais, o que poria fim às greves.

O Unite disse que trabalhadores de ambulâncias na Inglaterra vão estender os protestos nos dias 17, 20 e 22 de fevereiro, e 6 e 20 de março, com membros em várias regiões realizando greves em dias diferentes.

PAÍS VIVE ONDA DE GREVES

A Grã-Bretanha vive uma onda de greves devido à crise econômica e social desde junho, e o governo, ao invés de acatar as reivindicações dos sindicatos, aprovou novas leis para proibir o direito dos trabalhadores à participar de greves.

Professores, funcionários públicos, maquinistas de trem e motoristas de ônibus ingleses realizaram no dia 1º de fevereiro a maior greve geral do país nos últimos 12 anos, unidos pela reivindicação de melhores salários contra o arrocho e a inflação com salários não repostos há anos.

A situação dos trabalhadores ingleses teve uma piora depois da decisão governamental inglesa de se submeter a Washington e desencadear uma fieira de sanções à Rússia, o que fez, entre outras mazelas, disparar o preço do gás e do petróleo, o que incidiu nas contas de energia e nas despesas com calefação e seus reflexos no conjunto da economia.

Fonte: Papiro