Protesto reúne trabalhadores e parlamentares na Bolsa de Valores contra privatização da Sabesp
Centenas de trabalhadores dos setores de saneamento e energia elétrica, deputados, vereadores e representantes do movimento social e sindical ocuparam a frente da Bolsa de Valores “B3”, no centro da capital paulista, na manhã desta terça-feira (14).
Faixas e palavras de ordem contra a privatização da Sabesp deram o tom do protesto, encabeçado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema).
“Nós sabemos que saneamento e água são vida e saúde e não podem ser tratados como mercadoria. E estamos reunindo aqui companheiros do metrô, por exemplo, condutores, do setor de saúde, da educação, metroviários, eletricitários, porque a Sabesp é um patrimônio do povo paulista, uma empresa economicamente saudável e entrega um serviço que cuida da saúde da população”, destacou José Faggian, presidente do Sintaema.
“E se a Sabesp for privatizada, é certo que os trabalhadores da empresa serão prejudicados, mas os maiores prejudicados serão as populações, principalmente as periféricas, dos pequenos municípios onde a iniciativa privada não fará o serviço de saneamento como tem que ser feito, porque não lhe interessa. Nós sabemos que, quando a privatização acontece, a qualidade do serviço piora e a tarifa aumenta”, afirmou.
FRENTE PARLAMENTAR
O coordenador da Frente Parlamentar Contra a Privatização da Sabesp, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Emídio de Souza (PT), afirmou que, “a partir desse ato, essa campanha ganha as ruas para conversar com o povo paulista sobre os perigos que a privatização da Sabesp representa. Os trabalhadores e o povo de São Paulo sabem o que significa a privatização. Eles querem vender patrimônio público para agradar essa turma da Bolsa de Valores, não importa a que custo, não importa quanto você vai pagar pela tarifa. E a mentira é sempre a mesma”.
“Quando venderam a Eletropaulo, muita gente achava que era um problema dos trabalhadores da empresa. A conclusão veio depois, em que muitas pessoas não estão aguentando pagar a tarifa de energia elétrica. Por isso, o problema da continuação da Sabesp pública não é só dos trabalhadores. Nós temos que dialogar com todos”, completou Emídio.
SOBERANIA E DESEVOLVIMENTO
O presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, o Chicão, também lembrou da privatização do setor elétrico e defendeu que, além de cumprir um importante papel social, levando água e saneamento aos lugares mais longínquos, a Sabesp também tem um papel importante no desenvolvimento e soberania nacional.
“A privatização das distribuidoras de energia começou em 1995. De lá para cá, o acumulado da inflação do período foi de 455% mais ou menos, mas a tarifa de energia subiu 1020%. Os dividendos não pagam imposto e as empresas que tomam conta mandam embora o dinheiro para o exterior. Ora é uma americana, ora italiana, ora francesa”, afirmou.
“Outra coisa que sofre um ataque terrível é o emprego. Essas empresas privadas compram transformadores, no caso de energia elétrica, cabos, tudo de fora do país. Compram das indústrias que seus países de origem têm interesse. Isso gera desindustrialização e desemprego aqui no Brasil. Então, essas grandes empresas, como a Sabesp e do setor elétrico, são estratégicas para o desenvolvimento país”, disse Chicão.
Para o presidente do Sintaema, o ato superou as expectativas, pois “nós conseguimos reunir entidades do setor de saneamento de dez estados, pelo menos: trabalhadores e lideranças da Bahia, do Rio de Janeiro, Grande Paraná, Santa Catarina, Goiás e outros, fazendo parte desse ato que vai além da defesa da Sabesp como empresa pública. É um ato também contra a privatização do saneamento no Brasil, além de debater a importância de os serviços públicos essenciais serem prestados pelo setor público”.
O ato também contou com a presença de lideranças como o vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ubiraci Dantas; o presidente da CTB-SP, Renê Vicente; a dirigente do movimento de mulheres de São Paulo e ex-vereadora, Lídia Correa; o deputado estadual Carlos Giannazi; a vereadora Luana Alves; o presidente do PCdoB da Capital de São Paulo, Alcides Amazonas; o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo; representantes da Bancada Feminista do Psol na Alesp e na Câmara dos Vereadores; o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino e o deputado estadual e ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Guilherme Correia.
Fonte: Página 8