Ladeada pelo reverendo Al Sharpton, mãe de Tyre, se pronuncia no funeral | Vídeo

O funeral do jovem negro Tyre Nichols, cuja morte por espancamento brutal nas mãos de policiais de Memphis revoltou a cidade e todo o EUA, ocorreu na quarta-feira (01) com a presença de familiares, amigos, líderes dos Direitos Civis e da vice-presidente Kamala Harris.

Os pronunciamentos foram marcados pela exigência de uma profunda reforma nos órgãos de segurança para acabar com a violência incrustada nelas.

O caso ainda repercute em todo o país após a veiculação, no dia 7 de janeiro, do trabalhador dos correios abordado por policiais que o acusaram de direção imprudente, algo que não foi registrado, nem comprovado.

As imagens reveladas são desses policiais arrancando violentamente o rapaz de dentro do seu carro e o agredindo. Em seguida, as imagens captadas de uma câmera próxima à casa de Tyre mostram ele algemado, sem reação, sendo barbaramente espancado e gritando por sua mãe. Ele ainda chegou a ser socorrido e levado ao hospital onde morreu três dias depois.

O destacado ativista da causa dos direitos civis, reverendo Al Sharpton, fez a oração fúnebre reconhecendo que ficou particularmente afetado pelo fato dos cinco policiais envolvidos no assassinato serem também negros.

Sharpton afirmou que os policiais agiram dessa forma porque sentem que não há responsabilização pelos crimes: “Não vamos parar até que prestem contas e até mudar este sistema”.

“Na cidade onde (Martin Luther) King perdeu a vida (…), você mata a golpes um irmão”, assinalou. “Não há nada mais ofensivo para os que lutamos para abrir as portas, que vocês entrassem por elas e agissem, agora, como as pessoas contra as quais tivemos que lutar para entrar por essas portas”, expressou Sharpton. A multidão presente o aplaudiu de pé.

Um dos presentes foi Philonise Floyd, irmão de George Floyd, o homem negro que morreu quando, em 2020, um policial branco pressionou o seu pescoço com o joelho até que ele fosse asfixiado, crime que provocou enormes manifestações contra o racismo.

Também esteve presente Tamika Palmer, mãe de Breonna Taylor, uma afro-americana de 26 anos baleada em 2020, em Kentucky, por quatro policiais que invadiram seu apartamento, atirando nela enquanto estava na cama. Taylor se tornou um ícone do movimento Black Lives Matter [Vidas Negras Importam].

REFORMA DA POLÍCIA É EXIGIDA

Os pedidos para que o Congresso aprove o “George Floyd Police Justice Act”, lei que defende a reforma da polícia foi uma constante em todo o serviço religioso.

A mãe de Nichols, Rowvaughn Wells, encabeçou a exigência: “Precisamos que esta lei seja aprovada”, exortou em lágrimas, porque se não, acrescentou, “com o próximo jovem que morrer, o sangue estará em suas mãos [dos congressistas]”.

A referida iniciativa, apresentada inicialmente em 2020 e novamente em 2021, prevê a criação de um registro nacional de más práticas policiais para evitar que os agentes fiquem imunes às suas ações, sendo simplesmente deslocados para outra jurisdição e função.

Além disso, busca reformar a “imunidade qualificada”, uma doutrina legal que protege funcionários estaduais e locais, incluindo policiais, de responsabilidade individual, a menos que tenham violado um direito constitucional claramente estabelecido.

A vice-presidente Kamala Harris lembrou que no passado, quando era senadora no Congresso federal (2017-2021), foi uma das legisladoras que elaborou a iniciativa “George Floyd Police Justice Act”.

Harris observou que, agora como vice-presidente, exigirá que o Congresso aprove esse projeto de lei.

A cerimônia começou com um coro de 70 pessoas cantando “Força como nenhuma outra” (Strength Like No Other), fazendo com que os presentes ficassem de pé.

Atualmente, há dois policiais de Memphis, um negro e outro branco, suspensos e sendo investigados, enquanto há outros cinco expulsos da força – todos estes negros – que enfrentam várias acusações criminais.

Fonte: Papiro