Parlamento da Rússia exige dos EUA dados sobre laboratórios de armas biológicas
“A Assembleia Federal da Rússia declara que os parlamentos dos países do mundo podem e devem insistir para que o Congresso dos EUA torne públicas todas as informações sobre os projetos de aplicações militares realizados pelo Departamento de Defesa dos EUA sob a cobertura de ‘atividades médicas e biológicas’ que violam a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, da Produção e do Armazenamento de Armas Bacteriológicas (Biológicas) ou Tóxicas e sobre a Sua Destruição”, afirma o documento da Duma de Estado e do Conselho da Federação (câmaras baixa e alta do parlamento russo, respectivamente), aprovado pelos senadores na quarta-feira (15).
Na opinião dos parlamentares russos, é necessário também propor aos legisladores de outros países a solicitação de informações à liderança de seus Estados sobre a presença de atividades biomilitares dos EUA em seus territórios.
“Isto permitirá revelar o verdadeiro conteúdo dos projetos biomédicos implementados pelos EUA e evitar ameaças biomilitares escondidas e consequências catastróficas para a vida e a saúde humana”, dizem os autores do documento.
Os parlamentares russos revelaram que nos territórios de outros Estados funcionam atualmente “cerca de 400 laboratórios biológicos de dupla utilização sob o controle de Washington”.
O vice-presidente do Conselho da Federação e co-presidente da comissão parlamentar que investiga os biolaboratórios estadunidenses na Ucrânia, Konstantin Kosachev, informou que o Conselho e a Duma de Estado devem discutir o relatório da comissão em 15 de março, quando ambas câmaras realizarão uma sessão plenária. Se o documento for aprovado, será enviado à liderança da Rússia e postado on-line para conhecimento geral.
TÉCNICOS DOS EUA CONFIRMAM CRIAÇÃO DE PATÓGENOS
Deixando claro que os parlamentares russos não se baseiam só em suspeitas ou suposições, no final do mês de dezembro o ex-funcionário do Instituto de Pesquisa do Exército dos EUA Richard Bosher confirmou a realização de estudos e a criação de patógenos de alto risco em laboratórios ucranianos financiados pelo Pentágono, informou o tenente-general Igor Kirillov, chefe das Tropas de Proteção Nuclear, Biológica e Química do Ministério da Defesa da Rússia.
Durante a coletiva de imprensa dedicada aos resultados da 9ª Conferência de Revisão da Convenção sobre Armas Biológicas e Toxinas, realizada em Genebra entre 28 de novembro e 16 de dezembro, Kirillov já havia observado que “alguns participantes de projetos fechados permanecem na sombra, embora sejam atores-chave no programa biológico-militar na Ucrânia”.
Segundo Kirilov, os norte-americanos reagiram de forma “negativa” às propostas de consolidar no documento final os fatos envolvendo violações por parte dos EUA e da Ucrânia das suas obrigações relativas à Convenção de Armas Biológicas, bem como da realização de atividades biológicas militares.
O MD russo ressaltou que “foram apresentadas evidências documentais de que, com o apoio financeiro dos EUA, no território ucraniano foram realizados trabalhos com componentes de armas biológicas e estudos de patógenos de infecções de alto risco e economicamente significativas”.
“De acordo com informações existentes, o Pentágono está transferindo ativamente suas pesquisas que não foram concluídas na Ucrânia para Estados da Ásia Central e do Leste Europeu. Paralelamente está sendo ampliada a cooperação entre o Departamento de Defesa dos EUA com Estados da África e da região da Ásia-Pacífico, como Quênia, Camboja, Singapura e Tailândia […] Estados que já possuem laboratórios de alto nível de isolamento biológico”, destacou.
Além disso, o MD russo ressaltou que o Ocidente bloqueou as iniciativas russas para fortalecer o regime de não proliferação de armas biológicas, com os EUA declarando explicitamente que não permitirão qualquer tipo de verificação.
Durante sua operação militar especial na Ucrânia, Moscou afirmou ter descoberto uma rede de mais de 30 laboratórios biológicos no território do país. De acordo com Kirillov, o Pentágono administrava biolaboratórios secretos na Ucrânia há anos, pesquisando patógenos altamente perigosos e exportando amostras biológicas violando a Convenção de Armas Biológicas (BWC, na sigla em inglês).
No momento em que as forças russas avançaram em território ucraniano, os norte-americanos correram a destruir materiais comprometedores que evidenciavam os experimentos com capacidade agressiva incluindo ogivas com capacidade de disseminar patógenos.
Interessante que quem confessou a preocupação ao Senado dos EUA foi a mesma oficial da Casa Branca que atuou para estimular o golpe de 2014 contra o governo legítimo da Ucrânia: Victoria Nuland.
“A Ucrânia tem instalações de pesquisas biológicas e, de fato, estamos bastante preocupados de que as forças russas estejam buscando tomar controle delas e por isso estamos trabalhando com os ucranianos sobre como prever que qualquer destes materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas se elas se aproximam”, declarou.
Fonte: Papiro