Para CTB, “salário mínimo de R$ 1.320 não atende à pauta das centrais sindicais”
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, criticou o novo valor do salário mínimo anunciado pelo presidente Lula, de R$ 1.320, a partir de maio. O valor está abaixo do requerido pelas centrais sindicais, que defendiam que o novo mínimo fosse de R$1.343.
“Isso fere as expectativas do movimento sindical. Não dá para silenciar diante dos fatos e nós não devemos nos calar. Primeiro que os R$ 1.320 contradizem aquilo que nós sugerimos em manifesto do Fórum Unitário das Centrais. Ainda que nós não tivéssemos a possibilidade de recuperar todo o prejuízo causado pelo governo Bolsonaro, quando sugerimos R$1.343, nós estávamos considerando que pelo menos repor a inflação e a variação do PIB dos últimos dois anos seria necessário para inaugurar aquilo que o governo propôs”, disse Adilson.
A proposta de reajuste defendida pela CTB é de 10,7%, contemplando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – estimado em 5,8% em 2022 –, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,6%, em 2020 – antes da pandemia.
“Temos que considerar o estágio de profunda desigualdade em que estamos, com uma realidade que assusta milhões de famílias, dada a insegurança alimentar e o flagelo social. É urgente que o governo tome para si essa bandeira fundamental que foi utilizada como moeda forte na campanha”, destacou.
De acordo com Adilson, o governo precisa ter no horizonte que a valorização do piso salarial foi uma das principais promessas de campanha que permitiram a vitória eleitoral de Lula. “Elas foram alicerçadas na sua proposta de valorizar o salário mínimo, corrigir a tabela do Imposto de Renda e promover uma mudança na desastrosa política econômica de juros altos, inflação incontrolável e um câmbio que não vem ajudando na reindustrialização do país. Bom lembrar que 54% do salário mínimo volta para o caixa do governo na forma de tributos. Melhorar o salário mínimo tem repercussão direta nos acordos salariais, nas aposentadorias e pensões e está em consonância com todo o apelo que motivou a maioria do povo brasileiro a apoiar o projeto de reconstrução e transformação do pais”, afirmou Adilson.
O presidente da CTB pontuou que a prioridade do movimento sindical é focar nas discussões do grupo de trabalho de Política de Valorização do Salário Mínimo e manter a pressão popular sobre o governo. “Nós não abrimos mão da retomada da Política de Valorização do Salário Mínimo, que vai impactar de forma positiva diretamente na vida de 60 milhões de pessoas. Está dado que, sem pressão, nós não vamos conseguir quebrar as amarras impostas pelo mercado financeiro que, a pretexto de uma suposta instabilidade fiscal, aposta todas as fichas para que o governo não faça nem mesmo medidas que venham a dar efetividade ao seu projeto mudancista, com foco a melhorar a qualidade de vida e propiciar um Brasil mais próspero e humano. Por isso, nós seguimos comprometidos em estabelecer o diálogo”, afirmou.
A criação do grupo de trabalho foi confirmada no último dia 18 de janeiro, quando o presidente se reuniu com cerca de 500 sindicalistas de todo o país em Brasília. Interrompida em 2019 pelo governo Bolsonaro, a mesa foi a responsável por garantir um aumento real de 77%, o maior incremento das últimas cinco décadas durante as gestões anteriores de Lula.
Reinstalado no atual governo, o colegiado é formado pelos ministérios do Trabalho e Emprego, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Previdência Social, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e a Secretaria-Geral e Casa Civil da Presidência. Segundo Lula, as centrais sindicais serão “ouvidas” na construção do projeto.
Fonte: Página 8