Um dos prédios incendiados pela turba durante o Golpe da Praça Maidan, em Kiev | Arquivo

O próprio secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, confessou a jornalistas em uma conferência de imprensa na sede em Bruxelas que a guerra na Ucrânia “começou em 2014”, o que desmente a narrativa do regime de Kiev e de Washington de que se trata de uma guerra “não provocada” iniciada pela invasão russa em 24 de fevereiro do ano passado.

Na segunda-feira (13), em resposta a uma pergunta da Associated Press sobre como a Otan se transformou após um ano dos eventos na Ucrânia, Stoltemberg confirmou que “a guerra não começou em fevereiro do ano passado, começou em 2014”.

Segundo o mestre de cerimônias a soldo dos EUA, “em um aspecto, a Otan não mudou. Apenas mostrou o quão importante a Otan tem sido”. Ele acrescentou que desde 2014 a Otan realizou o que chamou de “maior reforço de defesas coletivas em uma geração”.

Indo mais longe, Stoltenberg afirmou que “estabelecemos as tropas de combate em 2016” na frente oriental – isto é, às portas da Rússia. Ainda festejou que “pela primeira vez em muitos, muitos anos, todos os aliados começaram a aumentar seus gastos com defesa.”

Reiterando a “presença reforçada que já implementamos nos últimos anos”, Stoltenberg disse que a “invasão não foi uma surpresa”, os eventos eram “previsíveis”, então a Otan “estaria preparada quando aconteceu”.

A indiscrição de Stoltenberg se soma às confissões da ex-primeira-ministra alemã Angela Merkel e do ex-presidente francês François Hollante, co-signatários dos Acordos de Minsk de que, ao contrário do que era dito aos russos e aos antifascistas do Donbass, o objetivo era dar tempo ao regime de Kiev de se rearmar – e não de pacificação através do direito ao uso do próprio idioma e autonomia dentro da Ucrânia.

O regime de Kiev foi instaurado em fevereiro de 2014 por um golpe de Estado patrocinado pela CIA e com a participação de neonazistas, com a derrubada do presidente legítimo, apesar de acordo inter-ucraniano garantido pela França, Alemanha e Polônia, com o governo – escancaradamente nomeado pela subsecretária de Estado Victoria Nuland – assumindo como programa a “descomunização” e a “desrussificação”.

Logo em seguida, Kiev lançou contra o Donbass de fala e laços russos seculares sua Operação Anti-Terrorista, encabeçada por milícias nazistas, como Azov e Aidar, provocando o levante antifascista.

O progromista e colaboracionista da ocupação hitlerista na II Guerra Mundial, Stepan Bandera, responsável pelo massacre de poloneses, judeus e soviéticos, foi alçado a ‘patriarca’ da ‘nova Ucrânia’.

14 MIL MORTOS POR KIEV NO DONBASS

As forças ‘ucranianas’ mataram mais de 14 mil pessoas no Donbass e passaram oito anos bombardeando indiscriminadamente civis na região rebelde.

O regime também inscreveu na “constituição’ a anexação à Otan, rompendo o preceito da neutralidade. Aliás, proposta em 2008 pelo governo de W. Bush, apesar do histórico discurso do presidente Putin, no ano anterior, em Munique contra a escalada da Otan até às fronteiras da Rússia.

Durante oito anos, enquanto sabotava os acordos de Minsk, o regime de Kiev, sob supervisão da Otan, manteve metade do seu exército permanentemente na linha de separação de forças no Donbass, que foi transformada em fortaleza

O regime também baniu o Partido Comunista e mais dez partidos de oposição, cujas bancadas em grande medida tiveram de se exilarem; fechou os meios de imprensa independentes e até procedeu à perseguição religiosa contra a fé ortodoxa.

Em 2021, o presidente Zelensky assumiu publicamente que não iria mais nem formalmente respeitar os acordos de Minsk e, em discurso na conferência de Segurança de Munique, pleiteou armar nuclearmente a Ucrânia e insistiu na submissão à Otan.

A Rússia, em dezembro, chamou os EUA e a Otan a restaurar o princípio da segurança coletiva e retorno das forças e mísseis da Otan às linhas de 1999, quando se oficializou o Acordo Rússia-Otan, através de tratados juridicamente vinculativos, o que foi recusado por Washington.

AMEAÇA DE LIMPEZA ÉTNICA

Em fevereiro, após uma semana de brutal intensificação dos bombardeios do regime de Kiev contra as repúblicas de Donetsk e Lugansk, prenunciando uma ofensiva contra as forças antifascistas bem menores e um massacre iminente da população de fala russa, a Rússia reconheceu as duas repúblicas e, sob égide do artigo 51 da Carta da ONU, saiu em seu socorro.

Nos meses que antecederam esse desfecho havia rumores insistentes de plano de Kiev para repetir a operação de limpeza étnica na Krajina manu militari, que expulsou centenas de milhares de sérvios das suas terras seculares na Croácia, durante o conflito que esquartejou a Iugoslávia nos anos 1990. O próprio Zelensky fez um discurso dizendo que quem queria falar russo deveria largar suas terras e casas e ir para a Rússia.

A tentativa nazista de impor, em um país multiétnico, um único idioma é tão absurda quanto, na bilíngue Bélgica, a parte que fala francês resolver ordenar que os falantes de holandês, ou comecem a falar francês, ficando proibidos de falar holandês, ou então que se ‘mudem para a Holanda”.

“Assim, ele confessou que eles colocaram russófobos e neonazistas no poder [na Ucrânia] e [que] eles os apoiaram em sua guerra contra a Rússia”, observou o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, admitiu efetivamente que o Ocidente levou os falcões da Rússia ao poder em Kiev e os apoiou na guerra contra Moscou, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, à Duma na quarta-feira, de acordo com informação da Agência Tass.

Fonte: Papiro