No Recife, Prêmio Tereza Costa Rêgo visa valorizar fazedores de cultura
Um importante instrumento de valorização dos fazedores de cultura foi criado na Câmara Municipal do Recife, por iniciativa da vereadora e escritora Cida Pedrosa (PCdoB). A instituição do Prêmio de Mérito Cultural Tereza Costa Rêgo, aprovada por unanimidade nesta terça-feira (7), homenageia uma das artistas plásticas mais revolucionárias do Brasil, falecida em 2020.
“A Câmara de Vereadores até então não tinha uma premiação para agraciar pessoas e instituições da cultura — produtores, artistas, brincantes, a turma da cultura popular. E aí a gente viu que existia esse vazio e resolveu criar uma premiação para que, todo ano, nós tenhamos 39 premiados, sejam instituições, sejam pessoas. Cada vereador terá direito a indicar uma pessoa. E a gente está muito feliz com isso”, explicou ao Portal Vermelho a vereadora Cida Pedrosa.
O prêmio tem o objetivo de reconhecer mestres da cultura popular, artistas de todas as linguagens, produtores, gestores, profissionais das áreas técnicas, grupos e agremiações, além de instituições e espaços culturais.
A cada ano, todos os parlamentares poderão sugerir um homenageado. O critério é que o indicado tenha pelo menos cinco anos de exercício nas atividades de cada categoria. A escolha será através de análise curricular, feita por uma comissão competente, que escolherá um agraciado por categoria. A homenagem poderá ser concedida somente uma vez por pessoa ou grupo.
Cida — que além de vereadora é uma das mais importantes escritoras brasileiras, vencedora do prêmio Jabuti 2020 nas categorias Livro do Ano e Poesia com “Solo para Vialejo” — conhece de perto o meio cultural e tem lutado para alavancar a valorização dessa área, tão vilipendiada durante o governo Bolsonaro.
Para ela, “o poder público precisa reconhecer aqueles que fazem a cultura. A cultura é um direito das pessoas e os artistas são aqueles que detêm o ofício da palavra, da dança, da música, das artes visuais, do brinquedo de Carnaval, de São João. O artista é o bastião deste direito. É ele que, a partir das suas expressões, das suas linguagens, das suas multiplicidades, faz esse direito à cultura acontecer. E ao mesmo tempo eles também são detentores do direito do ofício, do direito profissional à cultura”.
Cida completa dizendo que o prêmio “é uma via de duas mãos: você tem o reconhecimento do poder público daquele que faz arte, daquele que faz cultura, você tem o direito do cidadão e da cidadã que vai ter fruição, vai ter a possibilidade de conhecer aqueles que estão produzindo arte na cultura e você tem o reconhecimento desse grande ofício. A cultura é o que nos diferencia, inclusive é o que aponta a nossa humanidade; é a cultura que faz
tornar a gente muito mais humana”.
A cerimônia de premiação acontecerá, preferencialmente, na semana do dia 5 de novembro de cada ano, data em que é celebrado o Dia Nacional da Cultura. A expectativa é que a primeira edição aconteça ainda neste ano.
Justa homenagem a Tereza
Durante a reunião que aprovou a proposta, ao falar sobre a escolha da artista que nomeia o prêmio, Cida Pedrosa destacou: “Tereza Costa Rêgo é uma das mulheres mais importantes para a luta da cultura e das mulheres deste Estado. Ela se encantou há pouco tempo, mas se encantou fisicamente, porque as suas obras, seu legado, sua luta solidária pelos menos favorecidos se encontram impregnados em cada um e cada uma que faz cultura e luta por um país justo”.
Nascida em 1929 em Pernambuco, Tereza foi uma das maiores artistas plásticas do modernismo brasileiro. Conforme aponta a enciclopédia Itaú Cultural, a pintora é “representante do figurativismo pernambucano, utilizou a pintura para representar o universo feminino, questões políticas e históricas, aliada a questões autobiográficas”.
Com informações da assessoria de Cida Pedrosa