"Jovens dizem não à aposentadoria só aos 64 anos", diz a faixa portada pelos manifestantes | Vídeo

Centenas de milhares de franceses voltaram às ruas em 16 de fevereiro para protestar contra um ataque à previdência que o governo de Macron insiste em manter apesar de alguns dos maiores protestos da história da França.

Este é o quinto protesto contra o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos e contra o aumento do número de anos de contribuição que passariam a ser necessários para o recebimento da aposentadoria integral.

A central CGT (Confederação Geral do Trabalho) estima que 1,3 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país nesta quinsta-feira.

As manifestações foram registradas em 163 cidades, às vésperas do fim dos debates do texto em primeira leitura na Assembleia Nacional. As manifestações também serviram, segundo as centrais sindicais, como ensaio dos trabalhadores, jovens e da cidadania em geral para a greve geral organizada pela Intersindical – que une as principais centrais dos trabalhadores – já convocada para o próximo dia 7 de março.

Além de exigir que Macron retire a proposta do Legislativo, os manifestantes pressionam politicamente os parlamentares para que não a aprovem.

Todas as pesquisas realizadas nas últimas semanas apontam que a maioria dos cidadãos (2 em cada 3) se opõe à intenção de adiar a idade da reforma de 62 para 64 até 2030 e antecipar para 2027 a obrigatoriedade de contribuir 43 anos (e não 42, como agora) para aspirar a receber uma pensão completa.

A novidade deste dia esteve na cidade francesa de Albí, localidade do sul do país historicamente conhecida por ser a terra natal do político socialista Jean Jaurès. Líderes sindicais de todo o país se reuniram ali para protestar e tornar visível a transversalidade de sua reivindicação e oferecer uma visão do protesto fora da capital, Paris.

Desde lá, Laurent Berger, líder da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), alertou que “claramente, o governo deve ouvir o que está acontecendo e perceber que apostar por uma possível perda de impulso do movimento é uma loucura”.

Por seu lado, Philippe Martínez, da Confederação Geral do Trabalho (CGT) sublinhou que “a mobilização continua e a determinação é maior do que nunca”. “Esta reforma é injusta e brutal para todos, sejam eles empregados do setor privado, do público, de uma pequena empresa ou de uma grande empresa”, apontou.

Os protestos são organizados pela plataforma Intersindical que inclui as oito principais centrais sindicais francesas, como a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Confederação Democrática Francesa do Trabalho (CFDT), Sud Solidaires, Força Obreira (FO), Federação Sindical Unitária (FSU), União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA), Confederação Francesa de Administração-Confederação Geral de Executivos (CFE-CGC), e a Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos (CFTC).

A principal manifestação foi realizada em Paris com o número de participantes estimado em 300.000 pela CGT.

Os protestos desta quinta-feira afetaram o serviço ferroviário e os transportes públicos da capital francesa, e o aeroporto parisiense de Orly teve de cancelar 30% dos seus voos. Foi também noticiada uma greve na empresa EDF, do sector elétrico, que provocou uma quebra de produção de mais de 3.000 megawatts, o equivalente a três reatores nucleares, embora não tenha provocado prolongados cortes no abastecimento.

Durante estas semanas, a Câmara dos Deputados do Parlamento francês está debatendo a proposta e os sindicatos pretendem manter o pulso nas ruas até a data de 7 de março, quando o projeto será debatido no Senado. Nesse momento, espera-se outra grande mobilização sindical em protesto.

Fonte: Papiro