"Saúde 100% Pública e Universal", exigem os manifestantes | Foto: Alejandro Martínez Vélez/Europa Press

Mais de um milhão de pessoas, segundo as entidades que convocaram a mobilização, se manifestaram este domingo em Madri em defesa do sistema público de saúde, que continua a enfrentar problemas devido à falta de recursos, condições infraestruturais e de funcionários.

Os manifestantes acusam o governo da capital espanhola de favorecer empresas privadas com suas medidas e exigem que o governo regional de Madri, chefiado por Isabel Díaz Ayuso (Partido Popular), aumente o orçamento para a atenção primária e a força de trabalho em todas as categorias profissionais do setor.

A secretária-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT) de Madri, Marina Priero, afirmou que é obrigação do governo da Comunidade de Madri garantir o direito à saúde dos cidadãos, serviço sucateado mesmo durante a pandemia de Covid. Para isso, propõe que sejam fornecidos os recursos materiais e humanos necessários ao sistema de Madri e a reativação dos serviços de emergência extra-hospitalares.

“Eles cortam nossos salários ao invés de aumentá-los. Nós somos sobrecarregados de trabalho e não temos nenhum suporte. Estamos em perigo de extinção”, declarou Lilian Ramis, funcionária de um hospital em Madri, à Reuters.

Sob o lema “Saúde não se vende, se defende” e com apitos, faixas e tambores, os manifestantes marcharam por vários pontos da cidade apoiando o pedido de que o governo tome medidas urgentes disponibilizando mais meios para fortalecer a atenção primária ao paciente, e não permitindo que a deterioração do setor continue.

Protestos contra a administração da capital têm sido realizados desde novembro de 2022. O secretário-geral da Confederação Sindical das Comissões Operárias (CCOO), Unai Sordo, assinalou que de cada € 2 (cerca de R$ 11,13) investidos em saúde, € 1 acaba no sistema privado.

Não só em Madri há descontentamento com as deficiências do sistema de saúde. Em várias regiões autônomas do país ibérico, os governos locais tomaram várias medidas devido a protestos de médicos e da população. Na capital, no entanto, sob o predomínio do Partido Popular (PP), as autoridades não se pronunciaram sobre o assunto e as medidas cogitadas não satisfazem as reivindicações da população.

O deputado do partido Más Madrid, Iñigo Errejón, declarou que os cidadãos querem “viver em um lugar onde a saúde e o bem-estar não dependam do dinheiro”. Além disso, denunciou a falta de médicos nos hospitais da região, o que atribuiu ao fracasso do plano de Ayuso para a atenção primária que deixa o sistema público em segundo lugar.

PROTESTO CONTRA A OTAN

Os protestos da população espanhola não se restringem à saúde. Com o lema «Nem Otan, nem bases, nem EUA», a Plataforma de Madri contra a Otan, convocou uma manifestação para o próximo dia 24 de fevereiro condenando o apoio do governo central à intervenção dos Estados Unidos na Ucrânia.

Afirmando que «é mais urgente que nunca uma grande mobilização» para exigir ao governo de Pedro Sánchez e às demais forças parlamentares «que não participem nesta escalada que nos coloca na ante-sala de uma guerra e que repercute enormemente nas condições de vida da população e na militarização da sociedade», a Plataforma exige do governo que acabe com «o apoio à estratégia criminosa dos EUA, o envio de armas e o treino do exército ucraniano» e que ponha fim ao apoio a Kiev.

Já na capital catalã, Barcelona, está marcada no dia 16 de fevereiro uma concentração frente à sede da União Europeia, convocada por diversas organizações. O protesto acontecerá sob o lema “Não a mais gasolina para o fogo, não a mais envios de armas”, a convocatória denúncia a “escalada bélica que a Otan está levando a cabo na Ucrânia”.

Fonte: Papiro