Governador do AP critica conversão do Brasil em “Estado policialesco”
A política brasileira se transformou numa espécie de Geni a partir da onda antiestablishment iniciada no Junho de 2013 e agravada com a operação Lava Jato. As crises nacionais e locais, as condenações e prisões (muitas delas sem provas) e o ambiente permanentemente conflagrado levaram ao descrédito não apenas de governantes e parlamentares – mas da própria política.
Na opinião do governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), um “Estado policialesco” se implantou Brasil afora, com os impactos que ainda não acabaram. “Esses fenômenos aconteceram no Amapá também e ainda estão acontecendo. Houve a desconstrução da política em sua função de construir o bem comum”, afirma. Ao se “desqualificar” a política, “desmerecem ou tentam desmerecer o papel do poder público como ente capaz de promover mudanças”.
Nesta segunda-feira (27), Clécio participou do “Barão Entrevista” – a série de coletivas a jornalistas da mídia independente promovida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. O Vermelho, um dos veículos convidados, perguntou ao governador como sua gestão pode contribuir para revalorizar a imagem da política aos olhos da nova geração.
De acordo com Clécio, o cenário recente deu margem para a ascensão de “oportunistas” que “se dizem ‘não políticos’ para serem políticos. Querem entrar para a política pela janela, pelo atalho”. A seu ver, o próprio Jair Bolsonaro (PL) exemplifica a dissimulação. Em 2018, após sete mandatos como deputado federal pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro venceu a eleição presidencial de 2018 apresentando-se como um outsider.
Ex-professor da rede pública, formado em Geografia pela Universidade Federal do Amapá, Clécio afirma que “gosta muito das pedagogias – e nós (mandatários) precisamos ser pedagógicos”. O governante tem de “dar muita transparência àquilo que se faz, até para enfrentar os problemas” que surgem quando “se enfrenta a corrupção, os processos que já estão corroídos dentro da máquina”.
“É claro que nós teremos problemas. Temos de enfrentar desde a grande corrupção até aquela do servidor que não se acha com o espírito de servir ao público”, diz o governador. “Ao fazer tudo que precisa fazer de forma transparente e pedagógica, não só colocamos o dedo na ferida. Também podemos ganhar a sociedade para que ela nos ajude a domar esses monstros que estão aí espalhados pelo Poder Público, pela política, em todo lugar.”