"Com envio de tanques, fica claro que Berlim não joga a favor da paz", diz Dietmar Bartsch | Arquivo

O fornecimento de tanques Leopard à Ucrânia é uma aventura suicida pois que compromete e atrai a Alemanha para uma guerra perdida, afirmou o deputado Dietmar Bartsch, do partido alemão Die Linke (A Esquerda).

“O seu tanque Harakiri está atingindo um novo nível na política de Berlim em relação ao que acontece na Ucrânia. As entregas devem ser feitas até 2024, e a essa altura deveria ter havido paz há muito tempo. E isso deixa claro que Berlim não joga por nenhum entendimento”, assinalou o político ao canal N-TV, na quarta-feira (08).

O deputado observou que as ações do governo alemão são extremamente perigosas e representam uma “jogada vabanque”, ou seja, na gíria alemã de jogos de azar, pôr tudo em jogo de uma só vez.

Como resultado desse jogo, acrescenta o deputado, “amplos setores da indústria alemã estão sendo destruídos, milhões enfrentam lares frios, os preços estão se tornando extremamente elevados, há perdas de emprego e despejos”.

“Eu temo não poder oferecer nehum progóstico feliz sobre os desdobramentos da posição do governo. Mas, me move a urgência de motivar mais e mais pessoas a se oporem às três ameaças gigantes que se aproximam de nós todos de forma cada vez mais perigosa: o crescimento das forças fascistas, a ameaça de um desastre ecológico e o perigo de um conflito atômico. Estes perigos criam uma exigência moral de buscar unidade e resistir”.

Anteriormente, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, anunciou um acordo com vários países europeus sobre o fornecimento de um lote de 20 a 25 tanques Leopard A1 (modelo antigo, recauchutado) até o verão europeu e mais de 100 até o início de 2024.

Em geral, a Alemanha planeja fornecer à Ucrânia 178 tanques Leopard (de primeira geração) e 14 tanques Leopard 2A6 (de fabrico mais recente).

Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin advertiu que aqueles que atraem Berlim para um novo enfrentamento com Moscou e esperam vencer não percebem como se dá o confronto moderno e “seus tanques vão arder”.

Moscou enviou uma nota aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na primavera europeia passada sobre o fornecimento de armas a Kiev. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga que contenha equipamentos militares para a Ucrânia se tornará um alvo legítimo para a Rússia. O Ministério das Relações Exteriores afirmou que os países da Otan “estão brincando com fogo” ao fornecerem armas à Ucrânia.

O chanceler Scholz cedeu às exigências de Washington e se comprometeu a enviar os tanques Leopard, no que foi criticado pelo ex-conselheiro militar do governo Merkel, general da reserva Erich Vad, que manifestou-se contra a decisão de entregar esses tanques. “Isto é uma escalada militar, também na percepção dos russos”, e ressaltou ainda que os Leopard não são “uma bala de prata”, ou seja, “não mudarão a situação militar geral no longo prazo”.

O general conclamou à formação de “uma ampla frente pela paz” e pediu que “o ativismo sem sentido na política alemã [pró-guerra] tenha fim”. “Caso contrário, ao acordarmos numa manhã estaremos no meio da Terceira Guerra Mundial”, frisou, em acordo com o risco alertado pelo deputado.

Fonte: Papiro