O ex-presidente Jair Bolsonaro | Foto: Chandan Khanna/AFP

Em um evento organizado por elementos de extrema-direita americana que incentivaram a invasão do Capitólio em 2020, Jair Bolsonaro falou, na terça-feira (31), em Orlando, nos EUA. Sobre os terroristas que depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro, ele afirmou que “[Tem] muita gente sendo injustiçada lá”. “Aquilo não é terrorismo pela nossa legislação”, argumentou. Para o “mito”, não deram liberdade aos “coitadinhos”.

As imagens das hordas bolsonaristas alucinadas destruindo os símbolos da democracia e destilando ódio contra o Brasil foram tão chocantes que Bolsonaro tentou tirar o corpo fora e emplacar a tese furada de que o vandalismo de seus seguidores foi feito por “infiltrados”. “A gente lamenta o que alguns inconsequentes fizeram no 8 de janeiro. Aquilo não é a nossa direita. Não é o nosso povo”, disse ele, depois de dizer que os terroristas presos tinham sido injustiçados.

Não por acaso, na plateia do evento estava Allan dos Santos, um foragido da Justiça brasileira, acusado de insuflar os atos antidemocráticos ocorridos no Brasil que culminaram com a invasão nos Três Poderes. Bolsonaro também se dirigiu a ele como um “injustiçado”. “Eu tenho encontrado com o quê, Allan dos Santos? Vários brasileiros que querem voltar para o Brasil, mas estão temerosos com a sua liberdade lá em nosso país”, disse.

Ele voltou a falar em fraude na eleição, como já fez inúmeras vezes. Disse ter dúvidas do resultado de outubro passado, sem apresentar provas de fraude ou qualquer indício a respeito. “Eu nunca fui tão popular [como] no ano passado. Muito superior a 2018. No final das contas, a gente fica com uma interrogação na cabeça”, disse sobre a derrota para Lula por margem de 2,1 milhões de votos. Ele só não perdeu por uma margem maior de votos porque promoveu o assalto mais despudorado aos cofres públicos da história do Brasil para tentar comprar votos.

Foragido nos EUA desde que perdeu a eleição, Bolsonaro pediu um visto de turista para permanecer mais tempo no país. Ele afirmou que vai ficar mais tempo nos EUA. “Estou há 30 dias aqui, pretendo ficar por mais algum tempo. Não tenho certeza quanto tempo ainda. Estou com muita saudades do meu país”, disse. O ex-mandatário é alvo de diferentes ações que pedem que ele se torne inelegível por abuso de poder nas eleições e também está na mira de apurações sobre os ataques de 8 de janeiro como tendo sido o seu principal incentivador por causa de suas inúmeras declarações golpistas.

Vários inquéritos também estão sendo pedidos para investigar a responsabilidade de seu governo no genocídio da população yanomami. Milhares de indígenas foram abandonados à própria sorte e estão morrendo de desnutrição e outras doenças. Suas comunidades foram invadidas por garimpeiros ilegais, apoiados pelo governo Bolsonaro, e estão poluindo as águas e aterrorizando os índios. Recursos federais que deveriam ser destinados aos yanomamis foram desviados por integrantes da administração de Bolsonaro.

Ainda sem reconhecer que foi derrotado nas urnas em 2022, Bolsonaro afirmou que o vencedor das eleições, ou seja, Lula, não vai ficar muito tempo no governo. “Pode ter certeza, em pouco tempo teremos notícias. Por si só, se esse governo [Lula] continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias, não vai durar muito tempo”, disse ele, sem deixar claro a que exatamente estava se referindo, já que sua tentativa de “golpe” fracassou.

Fonte: Página 8