Famílias com até três salários mínimos iniciaram o ano mais endividadas, aponta CNC
O percentual de famílias endividadas representa 78% dos lares brasileiros em janeiro deste ano, segundo a pesquisa de endividamento e inadimplência da Confederação Nacional do Comércio.
As famílias que recebem até três salários mínimos iniciaram o ano proporcionalmente mais endividadas (79,2%), assim como estão aquelas, nesta faixa de renda, que mais atrasaram as contas em janeiro (38,7% do total, ou 4 em cada 10).
Em janeiro, as famílias com até três salários utilizaram 31,6% da renda para pagar apenas as dívidas.
“O percentual de consumidores reportando que não terão condições de pagar dívidas já atrasadas de meses anteriores aumentou em janeiro, em todos os grupos de renda, sendo também mais expressivo entre os consumidores com até 3 SM (17,4% do total). Tal fato revela que as famílias inadimplentes estão com dificuldade de pagar dívidas mais antigas, pois os juros altos acirram a despesas financeiras, impedindo a quitação desses compromissos”, aponta a pesquisa da CNC.
A maioria das dívidas são com o sistema financeiro que mantém os juros mais altos do mundo, numa ciranda financeira que dificulta que as famílias quitem suas dívidas e acabem por optar em pagar, ou não, suas contas básicas de água, luz, gás de cozinha e com alimentos.
A maioria das dívidas é com cartão de crédito, que cobra taxa de juros de mais de 400% ao ano, mas também com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
“O esforço para não atrasar as dívidas no contexto de juros altos fez a proporção de famílias com dívidas atrasadas (29,9%) cair em janeiro pela primeira vez após seis altas seguidas”, destacou a entidade.
Porém, os que têm contas atrasadas mais antigas, 11,6% dos consumidores, estão com dificuldades de sair da inadimplência.
De acordo com a pesquisa, a parcela de consumidores que atrasaram dívidas por mais de 90 dias chegou a 44,5 % dos inadimplentes, a maior proporção desde abril de 2020.
O brasileiro utilizou 30,1% da renda de janeiro para pagar apenas as dívidas.
Fonte: Página 8