Carteira de trabalho | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado chegou a 13,2 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2022, sendo o maior de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, iniciada em 2012. De acordo com os dados da pesquisa, divulgados nesta terça-feira (28) pelo IBGE, de outubro a dezembro de 2022 houve um aumento de 792 mil pessoas exercendo atividades de trabalho sem carteira assinada no setor privado, alta de 6,4% frente ao trimestre do ano anterior.

Na média anual, o contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado também aumentou e bateu o maior patamar da série histórica: são 12,9 milhões de pessoas, um aumento de 14,9% em relação a 2021, em que este contingente foi estimado em 11,2%. Em relação a 2014, quando a estimativa havia sido de 10,5 milhões de pessoas, o aumento foi de 22,6%.

A PNAD Contínua apontou que o número de trabalhadores com carteira assinada manteve-se na marca um pouco acima dos 13 milhões de pessoas na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2022. Em relação ao mesmo trimestre de 2021, houve um aumento de 792 mil pessoas. Com a economia desacelerando a partir do segundo trimestre de 2022, por conta principalmente dos juros altos, o mercado de trabalho brasileiro manteve-se fechado para os mais de 8,6 milhões de pessoas que buscavam emprego no período. No quarto trimestre de 2022, a taxa de desemprego ficou em 7,9%, variando 0,8 ponto percentual contra o trimestre de julho a setembro de 2022 (8,7%). Na média do ano, o contingente de desempregados fechou em 10,0 milhões de pessoas em 2022.

A taxa de informalidade do trabalho manteve-se próximo dos 40% no quarto trimestre. Em números absolutos, são 38,6 milhões de brasileiros que exercem atividades de trabalho sem direitos trabalhistas, sendo a maioria destes vivendo dos famosos bicos que lhe oferecem rendas miseráveis. Na média anual, a informalidade do trabalho no Brasil passou de 40,1% em 2021 para 39,6% em 2022, superando o início da série em 2016 (38,6%) e 2020 (38,3%).

A população subutilizada foi estimada em 21,3 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2022. Nesse grupo estão incluídos os desempregados, as pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (5,4 milhões), e os desalentados (4 milhões) – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos.

Na média anual, a taxa de subutilização da força de trabalho fechou em 20,8%, uma redução em relação a 2021, quando a taxa era estimada em 27,2%. No ano, ao todo, são 24,1 milhões de pessoas nestas condições. Com a maior parte dos empregos no Brasil atrelados ao trabalho informal, sem direitos e de baixa qualidade, o valor médio anual do rendimento real habitual ficou em R$ 2.715, sendo 1,0% menor (-R$ 28) que o estimado para 2021.

Fonte: Página 8