Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Uma das causas dos atuais níveis recordes de inadimplência e endividamento de famílias e empresas, os juros bancários continuam avançando. Informações divulgadas pelo Banco Central (BC), na segunda-feira (27), mostram que, em janeiro, o juro médio para o crédito livre cresceu em quase todas as modalidades: neste mesmo mês, mais de 40% da população adulta brasileira estava inadimplente e tendo os bancos como principal credores de suas dívidas.

Na esteira da Selic (taxa básica de juros) que atualmente se encontra em 13,75%, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações para pessoas físicas e jurídicas teve um aumento de 1,8 ponto percentual em janeiro, acumulando 43,5% ao ano – o maior patamar desde agosto de 2017. Para operações com empresas, a taxa subiu de 23,1% em dezembro para 25,3% neste ano. Já para o crédito à pessoas físicas, a média de juros cobrados subiu de 55,4% ao ano para 56,6%. O BC considera apenas o crédito de recursos livres – aqueles com taxas impostos livremente pelos bancos na negociação com os clientes -, não inclui as taxas pré-fixadas pelo governo para operações de crédito habitacional, rural ou linhas especiais como do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O grande assalto vem das operações de cartão de crédito. No rotativo, que é aquele tomado quando o consumidor não paga o valor integral da fatura, os bancos passaram a cobrar 411,5% em juros ao ano, o maior patamar desde 2017. Mesmo fora dessa modalidade, os bancos surrupiam em juros 94,9% ao ano de quem usa o cartão de crédito comum.

De acordo com pesquisa de janeiro dirigida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil, a esmagadora maioria das dívidas em atraso é com o cartão de crédito, representando 63,04% das contas inadimplentes em janeiro.

Já para o cheque especial, a taxa alcançou 132% ao ano.

ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA CRESCEM

Conforme os dados mais recentes de inadimplência, o total de brasileiros que não consegue pagar suas dívidas saltou para 65,19 milhões – volume 7,74% maior do que em janeiro de 2022 e o equivalente a mais de 40% da população brasileira adulta. Em 2022, pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que 78 em cada 100 famílias tem dívidas.

De acordo com o BC, a inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) registrou aumento de 3,2% em janeiro. Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, está em 6,1% e para pessoas jurídicas em 2,3%.

Em novembro de 2022, último mês em que o BC divulgou dados do endividamento das famílias em relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada, o nível ficou em 49,5%. Já o comprometimento da renda, relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média, ficou em 27,7% em novembro.

Os juros altos e uma economia que ainda não entrou no rumo do crescimento também trazem consequências para as empresas. Segundo dado da Serasa Experian, em janeiro deste ano, o volume de pedidos de recuperação judicial e falências foi o maior para o mês em três anos. A alta é de 37,3% em relação a janeiro de 2021 e de quase 90% em relação ao mesmo período de 2021.

Fonte: Página 8