Com cartazes espalhados pela França, Intersindical convoca greve geral | Divulgação

Os sindicatos integrados à Companhia Nacional Ferroviária da França (SNCF) disseram um sonoro não ao projeto do governo – que adia dos 62 para 64 anos a idade para a aposentadoria e aumenta o número de anos de contribuição para 43 – e anunciaram uma paralisação nacional a partir da próxima terça-feira (7).

De forma unificada, os oito principais sindicatos da França e cinco organizações juvenis declararam que vão colocar a “França com tudo parado” no dia 7, prometendo fazer da data um marco nos dias de greves e protestos.

Para isso, afirma a SNCF, “é essencial reforçar a mobilização”, ressaltando a necessidade de que o movimento social “endureça” e se some às manifestações para obrigar o governo a recuar em sua política de fazer com que os aposentados paguem pela crise.

“Para ser eficaz, a greve deve durar dez dias. O objetivo é bloquear Paris pelo menos dois fins de semana seguidos”, declarou o secretário-geral da União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA-Ferroviários), Didier Mathis. Sobre a possibilidade de uma paralisação dessa magnitude, Mathis ressalta que conta com o apoio das demais entidades contra o assalto aos direitos.

A convocação da poderosa Intersindical vem crescendo. Em janeiro passado, a agremiação levou milhões às ruas, da mesma forma que nos dias 11 e 16 de fevereiro, denunciando que a reforma representa o descalabro e alertando que, caso o governo insistisse com a reforma, paralisaria o país inteiro.

Composta pelas maiores e mais importantes organizações sindicais do país, como a União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA), a Confederação Francesa de Administração-Confederação Geral de Executivos (CFE-CGC), a Confederação Democrática Francesa do Trabalho (CFDT) e a Confederação Francesa de Operários Cristãos (CFTC), a Confederação Geral do Trabalho (CGT), Sul Unido, a Força Operária (FO) e a Federação Sindical Unitária (FSU), a Intersindical tem enorme capacidade de dialogar com os trabalhadores e a população, esclarecendo as verdades que o governo e os grandes conglomerados de mídia ocultam.

Em recente consulta às bases, feita no último final de semana, a CFDT apurou que “mais de 80% estão a favor da greve”.

Repetindo à exaustão os mesmos argumentos neoliberais de sempre, o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, alegou que “a reforma é necessária” e indispensável para evitar um déficit financeiro insustentável. “Todos devem levar em consideração a necessidade de os homens e mulheres franceses viajarem, por isso é um chamado à responsabilidade”, limitou-se a dizer a primeira-ministra Élisabeth Borne.

O governo pretende fazer com que seu projeto chegue à sessão do Senado a partir da semana de 6 de março, após passar pela Assembleia Nacional, onde não obteve votos. No entanto, a Câmara Alta é dominada pelo conservador Partido Republicano, que respalda o projeto.

Fonte: Papiro