“Bloqueio dos EUA a Cuba é flagrante violação dos direitos humanos”, afirma Obrador
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, voltou a denunciar, sábado (11), o bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba há mais de 60 anos como “flagrante violação dos direitos humanos” e uma aberração condenada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Toda vez que há uma assembleia na ONU, a questão do bloqueio contra Cuba é colocada em votação por todos os países e quase todos votam contra ou se abstêm. Ou seja, a grande maioria dos países do mundo são contra, mas muitas vezes acontece que, como o veto de um país funciona, nada pode ser feito e assim ano após ano”, condenou Obrador. Cúmplices dos EUA, se alinham países como Israel, que praticam o terrorismo de Estado contra os palestinos, e, anteriormente, a África do Sul, do apartheid.
“Qual é a culpa de nossos irmãos cubanos que um poder não gosta de sua atuação soberana?”, questionou Obrador, enquanto recepcionava fraternalmente o presidente cubano Miguel Díaz-Canel. O líder mexicano assinalou que a política do torniquete imposta por Washington encontra cada vez mais resistência dento do povo estadunidense. “O fato é que ninguém pode cercar um povo por motivos político-ideológicos. Isso é desumano”, sublinhou.
Na avaliação do presidente mexicano, ao criar barreiras e impedimentos de comércio com a Ilha, o que Washington busca é forçar os 11 milhões de habitantes caribenhos a se insurgirem contra o seu próprio governo devido às imensas carências geradas pelos EUA. “Isso é o que eles estão procurando”, protestou.
Para Obrador, esta é uma orientação abusiva que “contraria as liberdades e é uma ofensa à Estátua da Liberdade, às dignidades humanas”, o que “em vez de ajudar a imagem dos Estados Unidos, e digo-o com todo o respeito, a afeta”. Afinal, questionou, “como pode estar falando de democracia e de liberdades quando você age assim?”.
Da mesma forma, o presidente mexicano rechaçou que o governo cubano receba “tratamento como país terrorista, ou o coloque na lista negra de supostos terroristas”. “Cuba tem um povo e um governo profundamente humanos. Viva o povo digno de Cuba!”, enfatizou.
O renomado linguista, filósofo e ativista político Noam Chomsky e o diretor do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, principal correspondente da Globetrotter Media, Vijay Prashad, condenaram a insensatez do governo Biden se empenhar para manter Cuba em sua lista de países patrocinadores do “terrorismo”.
Em artigo publicado conjuntamente, os dois intelectuais lembraram que, apesar das décadas do criminoso bloqueio econômico imposto pelos EUA, a ilha conseguiu “superar as indignidades da fome, da saúde precária e do analfabetismo, as três pragas sociais que continuam a afetar grande parte do mundo”. Assim, esclareceram, “graças às suas inovações na prestação de serviços médicos, por exemplo, Cuba conseguiu enviar seus profissionais de saúde a outros países, mesmo durante a pandemia, para fornecer ajuda vital”. “Cuba exporta trabalhadores da saúde, não ‘terrorismo’”, informaram.
O fato de Washington ter voltado a incluir Cuba em sua lista de Estados patrocinadores do “terrorismo” nos últimos dias do governo de Trump “foi um ato de vingança”, sublinharam os intelectuais. “Trump disse que era porque Cuba hospedava grupos guerrilheiros da Colômbia, o que na verdade fazia parte do papel da ilha em sediar negociações de paz com outro país latino-americano”, acrescentaram.
Mantendo a mesma e velha política do garrote, apontaram, durante os dois anos de governo do atual presidente, Joe Biden, “se manteve a política vingativa de Trump, que pune Cuba, mas não por ‘terrorismo’, como foi acusado, mas por promover a paz”. “Biden pode, com um golpe de caneta, retirar Cuba desta lista. É simples assim. Quando estava concorrendo à presidência, ele disse que reverteria as sanções mais duras de Trump. Mas não aconteceu”, responderam.
Em novembro de 2022, pela trigésima vez desde 1992, a Assembleia Geral da ONU se posicionou firmemente contra o bloqueio, que até aquela data, ao longo das 11 administrações da Casa Branca, já havia provocado prejuízos que superavam os US$ 150 bilhões.
Na oportunidade, a resolução foi apoiada por 185 votos e contestada unicamente pelos EUA e por Israel. Sem apoiar a resolução defendida mundialmente, se abstiveram de forma vexaminosa o Brasil, de Bolsonaro, e a Ucrânia, de Zelensky, que presta serviços à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Rússia.
Fonte: Papiro