“No domingo estarei no Lincoln Memorial em Washington para falar no comício antiguerra", diz Chris Hedges | Reprodução

“No domingo, 19 de fevereiro, estarei no Lincoln Memorial em Washington ao meio-dia para falar no comício antiguerra, Rage Against the War Macchine [Ira Contra a Máquina de Guerra]. Lá, terei a companhia de Jimmy Dore, Dennis Kucinich, Ann Wright, Jill Stein, Max Blumenthal, Cynthia McKinney, Anya Parampil, David Swanson e outros ativistas antiguerra de esquerda com quem compartilhei plataformas por muitos anos”, anunciou o premiado jornalista e escritor Chris Hedges. “Também terei a companhia de Ron Paul, Scott Horton e figuras libertárias de direita antiguerra”, acrescentou.

A manifestação – que ainda não une todo o conjunto das forças antiguerra nos EUA – ocorrerá a poucos dias de se completar um ano do conflito, que tem sido caracterizado por muitos como uma guerra de procuração dos EUA contra a Rússia na Ucrânia e um desdobramento da estratégia dos EUA e Otan de esticarem suas forças e mísseis até às portas da Rússia, o que incluiu o golpe de estado em Kiev em 2014 patrocinado pela CIA e que teve como tropa de choque nazistas notórios e seguidores de um colaboracionista na II Guerra.

Desde a irrupção da política identitária nos EUA, o movimento antiguerra nos EUA, que jogou um enorme papel em relação ao Vietnã e Iraque, definhou e andava paralisado.

PAZ AGORA

“As demandas da manifestação Rage Against the War Machine são as que eu compartilho. Elas incluem ‘Nem um centavo a mais para a guerra na Ucrânia; Negociem a Paz; Parem a inflação de guerra; Dissolvam a OTAN; Desescalada Nuclear Global; Corte no orçamento do Pentágono; Abolir a CIA e o Estado Profundo Industrial-Militar; Abolir a Guerra e o Império; Restaurar as liberdades civis; e Libedade para Julian Assange”, destacou Hedges.

“Eu conheço a guerra. Passei duas décadas relatando conflitos em todo o mundo, incluindo muitos meses em Gaza, a maior prisão a céu aberto do mundo, contendo 2 milhões de pessoas, incluindo mais de um milhão de crianças” assinalou o veterano jornalista, acrescentando que viu “milhares de vidas destruídas pelo aventureirismo militar dos Estados Unidos na América Central, África e Oriente Médio”.

“Dezenas de pessoas que conheci e com quem trabalhei, incluindo Kurt Schork, repórter da Reuters, e o cinegrafista espanhol Miguel Gil Moreno de Mora, tiveram mortes violentas”.

Hedges chamou a “interromper as décadas de matança industrial desenfreada e fútil. Isso inclui o fim da guerra por procuração na Ucrânia. Inclui cortes drásticos no financiamento da máquina de guerra dos EUA, um estado dentro do estado”.

“Inclui a dissolução da Otan, que foi estabelecida para impedir a expansão soviética na Europa Central e Oriental, e não para travar uma guerra ao redor do globo. Se as promessas ocidentais a Moscou de não expandir a Otan além das fronteiras de uma Alemanha unificada tivessem sido mantidas, imagino que a guerra ucraniana nunca teria acontecido”, afirmou.

“Para aqueles que sofrem diretamente com a agressão dos Estados Unidos, essas demandas não são questões acadêmicas e teóricas. As vítimas desse militarismo não podem se dar ao luxo de sinalizar virtudes. Elas querem que o estado de direito seja restabelecido e que a matança seja interrompida. Eu também. Elas dão as boas-vindas a qualquer aliado que se oponha à guerra sem fim. Para elas, é uma questão de vida ou morte”.

Convocando à superação do sectarismo, Hedges enfatiza que “se alguns da direita são antiguerra, se também querem libertar Julian Assange, não faz sentido ignorá-los. São questões existenciais urgentes que, se não nos mobilizarmos logo, podem nos levar a um confronto direto com a Rússia, e talvez com a China, o que pode levar a uma guerra nuclear”.

“O Partido Democrata, junto com a maior parte do Partido Republicano, é cativo dos militaristas. A cada ano, o Congresso aumenta o orçamento para a indústria de guerra, inclusive para o ano fiscal de 2023”, denunciou Hedges.

Fonte: Papiro