Vassily Nebenzya, representante permanente da Rússia na ONU | Foto: Michael M Santiago/GettyImages

O representante permanente da Rússia na Organização das Nações Unidas, Vassily Nebenzya, em sessão especial da Assembleia Geral, na quarta-feira (22), destacou que as afirmações de vários países de que a Rússia é a culpada pela destruição do sistema de segurança regional e global “são hipócritas” já que, no final de 2021, Moscou apresentou “uma série de iniciativas concretas para conter a escalada de tensão e promover a confiança na região do Euro-Atlântico”.

Segundo o diplomata, a Rússia alertou várias vezes contra o desenvolvimento militar no território da Ucrânia e assinalou que o Ocidente demonstrou um “desprezo desafiador” pelas preocupações de Moscou ao continuar aproximando a infraestrutura militar da OTAN para mais perto das fronteiras da Rússia.

“Isso representa uma ameaça direta à nossa segurança nacional”, enfatizou.

“Propusemos que os Estados Unidos e a OTAN assinassem tratados sobre garantias de segurança”. No entanto, segundo Nebenzya, esta oportunidade foi “arrogantemente rejeitada” pelos EUA e seus aliados. “Eles se recusaram terminantemente a discutir nossas iniciativas, que, se implementadas, teriam evitado o que estamos vendo hoje”, frisou.

Na época, a Rússia encaminhou dois documentos separados, um para a OTAN e outro para os Estados Unidos. Ambos assumiam a forma de um contrato, incluindo promessas juridicamente vinculativas sobre a conduta futura de todas as partes.

O texto entregue ao bloco de 30 membros concentrava-se principalmente na movimentação de pessoal e material militar, incluindo a promessa de que todos os signatários não estacionariam suas forças em Estados europeus que não eram membros da OTAN em 1997. Isso abrangeria ex-membros do Pacto de Varsóvia.

Outro artigo no texto incluía uma chamada para não colocar mísseis terrestres de médio e curto alcance nas proximidades do território um do outro.

O documento também exigia que a OTAN resistisse a novas ampliações do bloco militar, incluindo a adesão da Ucrânia, que há muito é uma linha vermelha para Moscou.

Já a proposta aos EUA incluía muitas garantias semelhantes, como um artigo de que tanto a Rússia quanto os EUA não usarão o território de outros estados para preparar ou executar um ataque armado um ao outro. Além disso, o texto exortava os norte-americanos a se comprometerem a descartar a expansão da OTAN em países que foram repúblicas da União Soviética.

Nebenzya denunciou que o Ocidente rejeitou as propostas de Moscou, já que hoje estavam “convertendo a Ucrânia a todo custo em um verdadeiro campo de operações militares nas imediações de nossas fronteiras”.

Nesse contexto, o representante russo garante que “não há dúvidas de que não é a Ucrânia que está em guerra com a Rússia […] mas o Ocidente coletivo, representado pelos EUA e seus aliados da OTAN e da UE”.

Por isso, para Moscou, a crise ucraniana não deve ser resolvida com Kiev, mas entre a Rússia e o Ocidente coletivo, especialmente Washington, “que está por trás do regime de Kiev”, declarou Nebenzya.

“Estamos prontos para uma solução diplomática séria e de longo prazo para esta crise e já o dissemos muitas vezes. Nossos adversários ainda não se recuperaram de suas ilusões sobre a possibilidade de derrotar uma potência como a Rússia. É por isso que temos que abordar militarmente as razões que nos obrigaram a iniciar a operação militar especial há um ano”, enfatizou.

Além disso, a Rússia está procurando um compromisso segundo o qual ambas as partes não implantem armas nucleares em outros países e tomem de volta as que já estão no exterior, concluiu.

Fonte: Papiro