O interventor federal, Ricardo Cappelli, durante entrevista coletiva para detalhar o plano de segurança para manifestações previstas do Distrito Federal | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, revelou que 44 policiais foram feridos pelos terroristas durante o ataque ao Palácio do Planalto, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional no dia 8, domingo.

Cappelli ressaltou que os atos antidemocráticos não foram uma “simples manifestação”, mas parte de uma “organização criminosa”.

“Temos 44 policiais militares feridos em combate. Eles enfrentaram homens profissionais entre os manifestantes. Pessoas treinadas e preparadas, gente que tinha noção de tática de enfrentamento, gente que tinha luva própria para devolver granada e artefatos e gente que por muito pouco não ceifou a vida de um policial militar”, contou Cappelli à TV Globo.

“Um sargento chegou a me dizer que ele tem muitos anos na polícia, mas que foi a primeira vez que teve medo de morrer, porque a intenção deles [golpistas] era matar”, continuou.

Imagens das câmeras presas aos uniformes da Polícia Legislativa mostram os bolsonaristas arremessando barras de ferro, extintores de incêndio, bolinhas de metal com estilingues e outros objetos. Durante o confronto, os terroristas também usaram a água dos equipamentos contra incêndios para atacar os policiais.

Os atos foram organizados e convocados através das redes sociais, usando o termo “Festa da Selma” para dificultar a identificação. Cerca de 4 mil bolsonaristas participaram do atentado à democracia.

Ricardo Cappelli apontou que Anderson Torres, que assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal após o fim do governo Bolsonaro, do qual participava enquanto ministro da Justiça, agiu de maneira a permitir a invasão dos prédios.

Torres foi preso no sábado (14), após voltar dos Estados Unidos.

Segundo Cappelli, “o sr. Anderson Torres assume no dia 2, exonera o núcleo da Secretaria de Segurança Pública e viaja. Quem fez o planejamento [da segurança]? Cadê esse planejamento?”.

Na casa de Anderson Torres, a Polícia Federal encontrou a minuta de um decreto presidencial que instituiria o “estado de defesa” sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular a vitória de Lula e deixar Bolsonaro no poder.

O ex-comandante da PM-DF, Fábio Augusto Vieira, também foi preso.

Para impedir o avanço dos quatro mil bolsonaristas sobre a Praça dos Três Poderes, a Polícia Militar deveria ter feito dois bloqueios duplos e deixado de prontidão 1.096 agentes. A PM-DF, no entanto, fez bloqueios simples e deixou apenas 365 policiais.

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