Tanque ucraniano destruído (Pavel Volkov/Izvestia)

As Forças Armadas da Ucrânia estão em uma situação difícil devido às ações bem-sucedidas dos militares russos no decorrer da operação militar especial, disse o ex-assessor do chefe do Pentágono, o coronel Douglas MacGregor, em seu canal no YouTube.

“Médicos e enfermeiros ucranianos estão sobrecarregados com o número de feridos que chegam, devido à necessidade de retirá-los do campo de batalha. E há um grande número de soldados ucranianos que são forçados a vestir o uniforme militar e ir para o front com relativamente pouco treinamento. […] Eles vão para [a linha de] frente, ficam sob fogo intenso e depois percebem que os oficiais os abandonaram”, observou o especialista.

De acordo com MacGregor, uma parte dos militares ucranianos se rende aos russos, alguns fogem do teatro de batalha e caem nas mãos da polícia secreta de Kiev, que não hesita em executar os desertores.

Ele destacou que o Ministério da Defesa da Ucrânia envia à morte recrutas sem hesitar, para manter ininterrupto o fluxo de dinheiro e armas de Washington e Bruxelas. “A situação é realmente assustadora”, enfatizou MacGregor.

Na passada quinta-feira (12), as forças russas libertaram completamente a cidade de Soledar, rompendo a linha de fortificações erguida pelo regime de Kiev no Donbass nos oito anos de violação dos acordos de Minsk, sob cumplicidade de Berlim e Paris, como fizeram questão de confirmar os ex-líderes Merkel e Hollande.

FAKE NEWS DO FRONT

Em seus vídeos, MacGregor tem repelido a versão prevalecente na mídia norte-americana&apêndices de que é a Ucrânia que “está vencendo” e em dezembro, em artigo na revista American Conservative, ele se referiu à badalada entrevista do chefe militar ucraniano, general Valery Zaluzhny, em que este pede “300 novos tanques, 600 a 700 novos veículos de combate de infantaria e 500 novos obuses”.

Nesse período, veio a público, nas redes sociais, a indiscrição da presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, sobre “100 mil” baixas no exército.

“O general Zaluzhny não está pedindo ajuda”, ele está “pedindo um novo exército”, afirmou MacGregor advertindo de que é aí que reside “o maior perigo” para Washington e a OTAN.

No American Conservative, MacGregor traçou um paralelo histórico entre as atuais declarações de líderes norte-americanos e europeus sobre que a Ucrânia – isto é, o regime instalado em Kiev em 2014 por um golpe de Estado açulado pelos EUA – “tem que vencer” e declarações análogas do então secretário de Estado, Dean Rusk, sobre o Vietnã: “não sairemos até que a guerra até que a guerra esteja vencida”.

“Quando as coisas vão mal para a política externa de Washington, os verdadeiros crentes na grande causa sempre se alimentam profundamente do poço da autoilusão ideológica para se prepararem para a batalha final”, assinalou MacGregor. Ele alertou que “Blinken, Klain, Austin e o resto do grupo de guerra continuam a prometer apoio eterno a Kiev, independentemente do custo”.

Como os “melhores e mais brilhantes” da década de 1960 – destacou o ex-assessor sênior do Pentágono – “eles estão ansiosos para sacrificar o realismo ao pensamento positivo, para chafurdar na publicidade e autopromoção em uma visita pública à Ucrânia após a outra”.

“ATÉ QUE A GUERRA ESTEJA GANHA”

“Esse espetáculo lembra assustadoramente os eventos de mais de 50 anos atrás, quando a guerra por procuração de Washington no Vietnã estava fracassando. Os que duvidavam da sabedoria do governo Johnson sobre a sabedoria de intervir no local para resgatar Saigon da destruição certa se esconderam. Em 1963, Washington já tinha 16.000 conselheiros militares no Vietnã. A ideia de que Washington estava apoiando um governo no Vietnã do Sul que poderia não vencer o Vietnã do Norte foi descartada de imediato. O secretário de Estado, Dean Rusk, disse: “Não sairemos até que a guerra esteja ganha”. “Na primavera de 1965, os conselheiros militares americanos já estavam morrendo”, assinalou MacGregor.

“O apoio incondicional do governo Biden ao regime de Zelensky em Kiev está atingindo um ponto de inflexão estratégico não muito diferente daquele alcançado por LBJ em 1965. Assim como LBJ repentinamente determinou em

1964 que a paz e a segurança no Sudeste Asiático eram um interesse estratégico vital dos EUA, o governo Biden está fazendo um argumento semelhante agora para a Ucrânia. Como o Vietnã do Sul na década de 1960, a Ucrânia está perdendo sua guerra com a Rússia”.

No artigo, MacGregor sublinhou que o conflito na Ucrânia “é uma ampliação da tragédia humana que a expansão da Otan para o leste criou. As vítimas não vivem na América do Norte. Eles vivem em uma região que a maioria dos americanos não consegue encontrar no mapa”. Ele instou Washington a mudar de curso e a exortar o regime de Kiev a “parar”.

Em artigo de março passado, com cerca de um mês de conflito aberto, o ex-alto assessor do Pentágono havia registrado que em sua primeira ofensiva “a Rússia tem surpreendentemente causado muito menos danos do que infligimos ao Iraque quando entramos nele, seja em 1991 e novamente em 2003”.

Com essa ação, acrescentou, os russos deixaram muito claro: “o que eles querem é uma Ucrânia neutra. Isso poderia ter acabado dias atrás se Zelensky aceitasse”. Em abril, nas negociações Rússia-Ucrânia chegaram perto de um acordo, o que foi vetado por Washington, através da ida a Kiev do então premiê britânico, Boris Johnson, para se reunir com Zelensky.

Uma possibilidade que existiu como expressou MacGregor – mas que acabou descartada pela insanidade pró-nazista e antirrussa do regime de Kiev e pela incúria dos ‘líderes’ do mundo unipolar ‘sob regras’ de Washington. Agora, a Rússia segue pela via da “desnazificação e desmilitarização” da Ucrânia, o solo ucraniano chega ao estágio de congelamento e Moscou se prepara para libertar do genocídio, que não parou por nove anos nas terras seculares russas, a população de fala russa.

Em outro vídeo, MacGregor se referiu à perseguição dos de fala russa pelo regime de Kiev. Como ele disse, seria impensável nos EUA que a polícia invadisse uma casa no Arizona porque seus moradores falam em espanhol.

Papiro (BL)