Senadores de vários partidos estão irritados com ameaças que têm recebido de bolsonaristas nos e-mails e telefones de gabinetes, pressionando-os a votar no ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) para a presidência da Casa.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) disputa o cargo contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que busca a reeleição.

Segundo o portal Poder360, o movimento se intensificou depois do 8 de janeiro, quando extremistas de direita invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

De acordo com o portal, um dos e-mails pede para um senador não apoiar “um inerte” e nem “trair” o povo. Em outro gabinete, um homem telefonou para implorar, aos berros e “pelo Brasil”, que o congressista que lá trabalha não votasse em Pacheco.

Outro e-mail, enviado para 36 senadores, diz que Pacheco “omitiu-se diante dos inúmeros pedidos de impeachment contra ministros do STF sob acusação de quebra da independência, harmonia e interferências indevidas nos demais poderes constitucionais”.

Porém, na avaliação de senadores ouvidos pelo portal, a enxurrada de mensagens surte efeito contrário ao pretendido e atrapalha Marinho.

Alguns senadores dizem que não faz sentido ceder à demanda de pessoas que, há menos de duas semanas, apoiaram os atos de violência no Congresso. “Está passando de todos os limites. A maioria do pessoal que fala isso não conhece a realidade da presidência do Senado”, disse Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que apoiou Bolsonaro nas eleições.

Weverton Rocha (PDT-MA) afirmou entender que a eleição no Senado interesse à sociedade, mas disse que a mobilização nas redes está se desdobrando sem “discussão aprofundada” e com “argumentos absurdos”, além de comentários “que claramente não foram escritos pela pessoa que postou”.

“Espero que a história recente tenha nos ensinado o quanto pode dar errado inflamar os ânimos eleitorais para garantir mobilização. Eleição é coisa séria e esperamos que os debates evoluam da forma mais civilizada possível”, afirmou.

Aliado de Marinho, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou que o movimento é “orgânico” e surgiu no domingo (15), antes da reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que definiu o endosso do partido à candidatura do ex-ministro.

Na madrugada desta quinta-feira (19), entretanto, até mesmo Portinho pediu em seu perfil no Twitter que os participantes do movimento peçam votos “CIVILIZADAMENTE” e cobrem os senadores com “respeito”.

Algumas mensagens pedem, também, que a votação para a presidência do Senado seja aberta. O regimento interno estabelece voto secreto. Ganha quem tiver a maioria dos votos dos senadores presentes na sessão. Como há 81 senadores, 41 votos garantem a vitória.

Rodrigo Pacheco foi eleito presidente do Senado em 2021 com apoio de Bolsonaro, mas afastou-se do então chefe do Executivo no ano final de seu mandato e, agora, conta com o apoio do PT e do governo na busca pela reeleição.

Na segunda-feira (16), a Procuradoria-Geral da República (PGR) atendeu representação de Pacheco e denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 39 pessoas que invadiram o Senado.

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