Ferroviários ingleses mantêm mobilização por reajuste através de greves intermitentes (AFP)

Os maquinistas dos trens ingleses entrarão em greve entre os dias 1 e 3 de fevereiro, depois que o sindicato ASLEF – que os agrupa – rejeitou uma oferta de reajuste salarial de 4% das empresas ferroviárias. A medida deve interromper a maioria dos serviços ferroviários de 14 empresas operadoras, incluindo rotas intermunicipais e suburbanas.

O secretário-geral do sindicato, Mick Whelan, afirmou na quarta-feira (18) que a proposta salarial “não é aceitável”, ao mesmo tempo em que garantiu que os trabalhadores continuam “dispostos a fazer mais negociações com as empresas operadoras de trens” a fim de chegar a uma solução para a disputa, mas não tem como “sequer pensar em uma proposta vergonhosa como essa”.

Whelan já havia alertado que havia “chance zero” de seus membros concordarem com um acordo abaixo da inflação e que piorava seus termos.

A taxa de inflação interanual no Reino Unido situou-se em 10,7% em novembro último, o que representa o maior aumento de preços desde 1981, informou o Gabinete Nacional de Estatísticas Britânico (ONS).

O dirigente sindical salientou que “agora está claro para os nossos filiados e para o público que nunca se tratou de uma reforma ou modernização que pretendiam fazer, mas sim de uma tentativa de obter milhões de libras de produtividade por meio de cortes salariais, que já atingem mais de 20%, roubando ao sindicato qualquer esperança de ter uma palavra a dizer no futuro”.

Denunciou, por outro lado, que os trabalhadores “dessas empresas não têm aumento desde 2019, apesar da vertiginosa inflação, e é tempo das empresas, talvez incentivadas pelo Governo, sentarem-se conosco e levarem a questão a sério.”

Entre as empresas ferroviárias que serão afetadas pelas paralisações estão, entre outras, Avanti West Coast, Chiltern Railways, CrossCountry, East Midlands Railway ou Great Western Railway.

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E PROFESSORES

Com o Reino Unido enfrentando seu período mais sério de mobilização trabalhista em décadas, professores e 100.000 outros funcionários do setor público, incluindo as equipes de fiscalização de fronteira, também devem entrar em paralisação em 1º de fevereiro por causa de disputas salariais.

Os funcionários ferroviários têm entrado em greve regularmente desde o verão passado, em busca de melhores salários para lidar com o aumento dos preços. Sua última greve durante o feriado de Natal impactou as vendas em empresas do setor de hotelaria e turismo.

Papiro (BL)