Jair Bolsonaro | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Jair Bolsonaro já havia demonstrado todo o seu desprezo pelos povos originários do Brasil quando disse, assim que assumiu o governo, que não demarcaria mais nenhuma terra indígena no país. “Eles já têm terra demais”, dizia em seus discursos. Sua intimidade com garimpeiros ilegais que invadiam as terras indígenas também revelava sua opção pelos criminosos.

O que não se sabia, ou pelo menos não havia uma lembrança nítida, é que ele já havia defendido explicitamente a extinção física dos índios brasileiros. “Até vale uma observação neste momento: realmente, a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e, hoje em dia, não tem esse problema em seu país”, disse Bolsonaro, referindo-se ao sangrento extermínio dos índios pela “cavalaria americana”.

Logo em seguida, para disfarçar o mal estar criado por sua fala, afirmou que “se bem que não prego que façam a mesma coisa com o índio brasileiro; recomendo apenas o que foi idealizado há alguns anos, que seja demarcar reservas indígenas em tamanho compatível com a população”. Afirmou não pregar, mas elogiou os americanos pelo extermínio e, assim que chegou ao poder, agrediu de forma direta os yanomamis.

A afirmação de Bolsonaro é tão monstruosa que se pensou até que pudesse ser uma fake news. Não era. Ele pregou mesmo a morte dos índios. As empresas de checagem confirmaram o pronunciamento contra os índios em 15 de abril de 1998, quando ainda era deputado federal pelo PPB (atual PP). O conteúdo foi republicado no Diário Oficial da Câmara no dia seguinte.

Agora, com a saída de Bolsonaro do governo, vieram a público imagens chocantes de um verdadeiro genocídio contra a população yanomami. Centenas de crianças e adultos morrendo de desnutrição, sem nenhum apoio por parte do governo federal. Pelo contrário, os povos yanomamis foram cercados pelo terror dos garimpeiros criminosos, que, com apoio de Bolsonaro, poluíram suas águas, levaram doenças para suas tribos e incendiaram postos de saúde.

O resultado é que mais de mil yanomamis estão em estado grave, sendo atendidos pelo hospital de campanha montado pelo Exército brasileiro na capital

de Roraima. Logo que assumiu a Presidência, Lula foi ver de perto a tragédia desses povos e deu ordens para a retomada imediata dos atendimentos suspensos por Bolsonaro. Lula determinou também o bloqueio dos rios que abastecem os garimpeiros.

Além disso, a Aeronáutica foi envolvida na iniciativa de resgate e fez uma operação inédita de envio de toneladas de alimentos para as comunidades yanomamis atingidas. Aviões KC-390 abarrotados de alimentos e remédios voaram para a região e despejaram toda a sua carga para atender os índios.

Bolsonaro e seu governo, ao contrário, no auge da crise, cortaram todos os auxílios, os alimentos e os remédios para os yanomamis. O mandatário não só abandonava os índios, como oferecia todo apoio aos garimpeiros em atividade ilegal. O governo chegou a proibir que os equipamentos dos criminosos que eram apreendidos fossem destruídos.

Por algumas vezes Bolsonaro visitou a região e, em nenhuma dessas viagens, recebeu os líderes indígenas que gritavam por socorro. Preferiu desprezar as populações indígenas e, ao mesmo tempo, favorecer os garimpeiros ilegais. O que o governo cometeu neste região contra os yanomamis, como apontou o ministro da Justiça, Flávio Dino, não tem outro nome, a não ser “genocídio”.

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(BL)