"A pátria não estará integrada enquanto as ilhas não forem argentinas", afirma o presidente argentino (EM)

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, denunciou a ocupação inglesa das Ilhas Malvinas, que “deve envergonhar o mundo inteiro”, no marco do 190.º aniversário da usurpação do arquipélago pela Grã-Bretanha, nesta terça-feira (3).

Durante o evento em que foi inaugurado um monumento comemorativo em frente ao Edifício Libertador, no centro de Buenos Aires, o presidente destacou que “este espaço nos lembra do direito e da obrigação que temos”.

Nesse sentido, afirmou que a reivindicação de soberania e integridade territorial “é algo que deveria chamar a atenção dos mais poderosos do mundo, porque em pleno século XXI a manifestação de um ato de colonialismo desta natureza só deveria envergonhar o mundo. Continuaremos insistindo uma e outra vez que são argentinas”.

O fato é que desde a sua independência da Espanha, em 9 de julho de 1816, a Argentina exerceu plenamente a soberania das Ilhas. Até que em 3 de janeiro de 1833, a Inglaterra, em plena expansão colonial, desalojou violentamente os representantes da República e os moradores, levando para lá colonos da sua própria metrópole. Sucessivos governos argentinos vêm reclamando a restituição do pleno exercício soberano sobre as Ilhas.

“A pátria não estará totalmente integrada enquanto essas ilhas não forem definitivamente argentinas. As Malvinas nos unem, e isso é absolutamente verdade, e nessa reivindicação não há divergências partidárias, não deveria haver”, disse Fernández.

E condenou “a existência de uma base militar britânica nas ilhas que ignora todas as resoluções das Nações Unidas”, além de resultar na “usurpação dos recursos naturais do Atlântico Sul que pertencem ao povo argentino”.

RIQUEZA DA REGIÃO MOTIVA A OCUPAÇÃO

O interesse da Inglaterra nas ilhas não é por acaso. ‘Sem dúvida, as Malvinas são um lugar estratégico do ponto de vista dos recursos naturais’, disse à Agência Efe Gabriel de Paula, especialista em energia e recursos naturais do Centro Argentino de Estudos Internacionais (CAEI).

O arquipélago é rico em reservas de hidrocarbonetos, com uma jazida marítima que poderia produzir um pico de 80.000 barris de petróleo por dia; potencial para a extração de minerais do fundo do mar e recursos pesqueiros.

APOIO INTERNACIONAL À ARGENTINA

O Mercado Comum do Sul (Mercosul), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a Cúpula dos países africanos e latino-americanos, a Cúpula dos países árabes e latino-americanos, o Parlamento Latino-Americano (Parlatino), o Parlamento do Mercosul (Parlasul), entre outros, são alguns dos organismos que têm manifestado sobre a “Questão Malvinas” com um contundente respaldo à reclamação argentina. Apesar disso, o Reino Unido não tem cumprido as resoluções da ONU e desconhecido uma a uma todas as declarações dos organismos multilaterais.

Papiro (BL)