Na posse, Lula reafirma política industrial que fortaleça a ciência e a tecnologia
Empossado, o presidente Luis Inácio Lula da Silva reafirmou seus compromissos programáticos com o país, durante o discurso feito no Congresso Nacional, neste domingo (1). Um dos compromissos reiterados foi com o investimento e a prioridade dada à ciência, tecnologia e inovação, alvos de cortes brutais no governo Bolsonaro.
Ao dizer que o diagnóstico recebido do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor, ele citou esta área que estará sob o comando de Luciana Santos (PCdoB-PE) no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Segundo ele, em seu discurso, a área foi esvaziada de recursos e desmontada, assim como tantas outras.
“Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo”, disse ele. Esta é uma sinalização importante, pois a Petrobras, que deixará de ser uma simples empresa de petróleo para se tornar uma complexa cadeia de produção de energia, é uma das principais alavancas da ciência, tecnologia e inovação no país.
Como disse durante toda sua campanha, ele considera insensato renunciar a sua indústria como tem feito o Brasil nas últimas décadas. Produtos com alto valor agregado podem colocar o Brasil num outro patamar na economia mundial. Apesar da capacidade que já teve de refinamento, desde 2016, a Petrobras desmobilizou suas refinarias para importar combustíveis.
”O Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Temos capacitação técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo”, disse ele, sinalizando o desafio da nova ministra.
“O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global”, disse ele, que viu, em seu governo, o Brasil sair da décima segunda economia mundial, e se aproximar de ser a sexta economia, ultrapassando países desenvolvidos.
Desta forma, fica claro no discurso a intenção de investir expectativas no MCTI. ”Caberá ao estado articular a transição digital e trazer a indústria brasileira para o Século XXI, com uma política industrial que apoie a inovação, estimule a cooperação público-privada, fortaleça a ciência e a tecnologia e garanta acesso a financiamentos com custos adequados”.
Para Lula, seu governo vai promover uma estratégia de investimento na indústria do conhecimento, a partir do diálogo com todos os agentes da inovação nacional. “O futuro pertencerá a quem investir na indústria do conhecimento, que será objeto de uma estratégia nacional, planejada em diálogo com o setor produtivo, centros de pesquisa e universidades, junto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, os bancos públicos, estatais e agências de fomento à pesquisa”.
Outro elemento mencionado pelo presidente como parte desse escopo de investimento tecnológico e científico faz intersecção com a questão ambiental. “Nenhum outro país tem as condições do Brasil para se tornar uma grande potência ambiental, a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade. Vamos iniciar a transição energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, uma agricultura familiar mais forte, uma indústria mais verde”.
Lula não deixou de mencionar o modo como cientistas, a universidade e seu conhecimento foram alvo de ataque ideológico irresponsável e nocivo. Para isso, ele citou o dado de que, a quantidade de vítimas fatais da covid-19 no Brasil foi muito mais alta proporcionalmente à população do que outros países.
“Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, enfatizou Lula.
E terminou reafirmando sua prioridade orçamentária para levar ao desenvolvimento do país por meio da afirmação científica. “Vamos recompor os orçamentos da Educação, investir em mais universidades, no ensino técnico, na universalização do acesso à internet, na ampliação das creches e no ensino público em tempo integral”.
(por Cezar Xavier)