Presidentes do Brasil e Argentina com lideranças históricas da luta contra a ditadura argentina (gob.ar)

De mãos dadas com as Mães e Avós da Praça de Maio, referência da luta contra a ditadura militar argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou seu exemplo como referência na luta pelos direitos humanos e afirmou que as “as forças progressistas precisam estar muito unidas porque a direita fascista não pode avançar na região”.

Ao lado do presidente Alberto Fernández, na Casa Rosada, sede do governo nacional, em Buenos Aires, Lula disse que aquelas mulheres – que tanto lutaram para que a memória de seus filhos e de seu país não fosse ultrajada – são um exemplo que permite que “as democracias sejam um pouco mais fáceis”. De forma afetuosa e respeitosa, o líder brasileiro abraçou a cada um dos presentes e se declarou “emocionado” com o encontro.

O movimento iniciou em abril de 1977, em plena ditadura, quando 14 mulheres se reuniram na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, para reivindicar por seus filhos desaparecidos, começando uma histórica luta pela verdade, memória, justiça e a vida. Até o momento, foram encontradas 132 crianças raptadas entre 1975 e 1983 pela ditadura argentina, mas ainda estão sendo procuradas três centenas de homens e mulheres, com cerca de 45 anos.

Para o presidente Lula, “as Mães e Avós da Praça de Maio são uma inspiração para a defesa da democracia na América Latina”. “Em Buenos Aires nos reunimos com representantes das Mães e Avós da Praça de Maio, cujos filhos e netos foram assassinados ou desaparecidos durante a ditadura militar. Admiração por essas mulheres que lutam pela dignidade e pela reparação de direitos”, declarou a primeira-dama Janja Lula da Silva.

Entre outros, estiveram presentes Estela de Carlotto, presidenta das Avós de Praça de Maio; Taty Almeida e Nora Cortiñas, das Mães da Praça de Maio Linha Fundadora; Lita Boitano, de Familiares; Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz; Ernesto Lejderman, dos Familiares de Detidos Desaparecidos por razões políticas e Héctor Trajtemberg e Carlos Zamorano, da Liga Argentina de Direitos Humanos.

NETOS RECUPERADOS

Estela de Carlotto apresentou dois netos recuperados, Leonardo Fossati e Manuel Gonçalves, com quem Lula tirou uma foto. O presidente falou do significado da determinação daquelas mães e avós e reiterou sua alegria em poder conhecer os netos, resultado direto do empenho coletivo para recuperar seres arrancados do convívio familiar.

Depois de ouvir atento as palavras de Fernández, Estela, Taty, Nora e Pérez Esquivel, Lula celebrou tudo o que o país vizinho conseguiu avançar ao longo dos anos em matéria de direitos humanos. Assinalou que deseja aos argentinos exatamente o mesmo que para o povo brasileiro: erradicar a pobreza, porque não podemos conviver com pessoas que passem fome, frisando que a felicidade é compartilhada, e que só poderemos estar contentes quando viramos esta página. “Por isso”, acrescentou, “temos que estar mais juntos que nunca”, objetivo pelo qual lutará ao longo do mandato presidencial.

As Avós presentearam a Lula e Janja com um lenço da organização. Ao agradecer pelo gesto, disseram que vão pendurá-lo a fim de tê-lo sempre presente.

As organizações expressaram sua solidariedade com a dirigente social, indígena e avó Milagro Sala, presa injustamente há seis anos na província de Jujuy e defenderam sua libertação. Recordaram o falecimento de seu filho, Sergio Chorolque Sala, e reforçaram a necessidade de que o presidente Fernández assine o indulto. Conforme os mandatários, “é necessário buscar realmente justiça, porque a situação atual é completamente injusta”.

Papiro (BL)