Capa do New York Times (reprodução)

No mundo inteiro, os principais jornais e mídias repercutiram a posse do presidente Lula de domingo (1) e o retorno do Brasil à posição de país respeitado na cena internacional.

“Brasil instala Lula como Líder; perdedor está ausente”, destacou na capa The New York Times, com direito a foto da subida da rampa do Palácio Alvorada, em que ele é acompanhado por representantes da diversidade social brasileira, de quem receberia a faixa presidencial em nome do povo brasileiro: uma catadora, o cacique Raoni, um menino negro, um operário metalúrgico e um deficiente físico.

Quanto a Bolsonaro, o NYT esclarece que ele “está escondido na Flórida a poucos minutos de distância da Disney World”.

O principal jornal francês, Le Monde, estampou “Lula, fênix da política brasileira, é empossado presidente da reconciliação. Em seu primeiro discurso, Lula expressou otimismo sobre os planos de reconstrução e apontou que membros do governo que sai terão de prestar contas.

Em matéria com a foto do desfile do presidente em carro aberto, o jornal espanhol El País enfatizou a conclamação de Lula: “O amor venceu o ódio. Viva o Brasil”.

O jornal chinês Global Times ressaltou a posse de Lula e expressou a expectativa de Pequim de que os laços Brasil China serão elevados a “novos patamares”. A China foi representada na cerimônia pelo vice-presidente, Wang Qishan. Analistas disseram ao GT que “sob a presidência do ‘velho amigo’ Lula, espera-se que a confiança política mútua, cooperação abrangente e relações gerais entre os dois países sejam levadas a um nível superior”.

A publicação assinalou que Lula lembrou aos parlamentares que – 20 anos depois – ter que repetir o compromisso de que todo o brasileiro fizesse três refeições por dia “é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes”. Sua prioridade agora, disse, será resgatar 33 milhões de brasileiros da fome e 100 milhões da pobreza.

A publicação acrescentou que “o mandatário assinou decretos para combater a fome e o desmatamento e restringir as armas após tomar posse diante de uma maré humana reunida em Brasília”.

“Lula assumiu e Brasília foi uma festa”, registrou o jornal argentino Página 12. “Lula, presidente”, saudou na capa o jornal mexicano La Jornada.

O jornal inglês The Guardian registrou que “O pesadelo chegou ao fim”: Lula promete tirar o Brasil da era de “devastação” de Bolsonaro.

Lula – acrescentou The Guardian – prometeu iniciar uma nova fase de reconciliação, preservação ambiental e justiça social. “[Foi] uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim”, se comprometendo a governar para todos os 215 milhões de brasileiros.

“A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra”, afirmou Lula, apelando para que os cidadãos reconstruam amizades destruídas por anos de discurso de ódio e mentiras. “Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo.”

Para o jornal português Público, “De volta à presidência, Lula quer ‘cuidar’ dos brasileiros e reconstruir o país”. “Apelou à união entre os brasileiros e prometeu cuidar do país depois de anos de ‘barbárie’”, disse o diário.

“Lula toma posse como presidente, promete responsabilização e reconstrução”, assinalou o principal jornal da costa oeste, o Los Angeles Times. “Luiz Inácio Lula da Silva é empossado como presidente do Brasil depois de derrotar Jair Bolsonaro na corrida presidencial mais acirrada em mais de três décadas”.

A posse também chamou a atenção na Alemanha. Segundo o jornal Der Tagesspiegel, “Empossado como presidente, Lula inicia seu terceiro mandato no Brasil”. A publicação, que se referiu ao ex-presidente Bolsonaro como ‘Trump dos trópicos, que nunca reconheceu explicitamente a derrota, ressaltou a mensagem conciliatória de Lula ao povo. “Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz”.

“Lula é presidente de novo: o juramento em Brasília”, disse o italiano Corriere della Sera. Para o jornal, a cerimônia de posse encerra a mais disputada eleição presidencial brasileira dos últimos 30 anos. Lula venceu com a promessa de reunificar um país dividido. Foi fundamental para ele o apoio de algumas formações moderadas, percebeu o Corriere.

“Presidente promete reconstruir o país”, destacou a CNN. Em discurso no Congresso, Lula agradeceu o “voto de confiança do povo brasileiro”. “Hoje nossa mensagem para o Brasil é de esperança e reconstrução. Se estamos aqui hoje é graças à consciência política da sociedade brasileira e à coalizão democrática que construímos durante a campanha.”

Algumas publicações, além de salientarem a posse e seu significado em si, também mencionaram avanços que são esperados nas relações externas. Assim, o argentino Página 12, apontou que “Decidimos voltar a pôr em marcha o vínculo: Alberto Fernández e Lula se reuniram em Brasília”.

O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitun registrou que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que participou da cerimônia de posse e se encontrou pessoalmente com Lula no sábado, expressou sua satisfação pelo Brasil estar “de volta ao cenário internacional”.

Papiro (BL)