Foto: Tania Rego/Agencia Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, aumentou 0,62% em dezembro, batendo o terceiro avanço seguido desde setembro. Assim, a inflação no país fechou o ano em alta acumulada de 5,79%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (10). A inflação dos alimentos fechou em alta de 11,64%, tendo o maior impacto sobre o resultado do índice geral no acumulado de 12 meses.

Nos quatro anos de Bolsonaro, a inflação explodiu no país, voltando ao patamar de dois dígitos em 2021 (10,06%), o que não se via desde 2015, e só arrefeceu nas vésperas das eleições, através das medidas reeleitoreiras do “mito”. O preço dolarizado dos combustíveis e dos alimentos, a dependência externa de insumos. O fim dos estoques reguladores e o descaso com a segurança alimentar dos brasileiros em plena pandemia resultou em 33 milhões de brasileiros na fome. Os preços dos alimentos subiram, em média, 57% nos quatro anos de governo Bolsonaro, de acordo com dados levantados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que apontou uma inflação geral para o período de 29,8%.

Com a carestia dos alimentos em um quadro de desemprego pendurado na casa dos 12% em 2021, brasileiros, em meio da pior crise sanitária já vista neste país, foram forçados a alimentar suas famílias com ossos de carne na caçamba de descarte do Mercadão, no centro de SP; na caçamba do caminhão dos ossinhos na zona sul do Rio de Janeiro; e restos de alimentos em latões de lixo espalhados pelo território nacional.

Diante desta tragédia, Bolsonaro chamou de “idiota” quem o criticava pelo seu descaso com o avanço da fome no país e defendia a compra de fuzil no lugar de feijão.

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, disse Bolsonaro em 23 de agosto de 2021 a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

O ano de 2022 não foi muito diferente. Mesmo com a “deflação fake”, observada entre os meses de julho a setembro – fruto da redução artificial dos preços dos combustíveis aprovada às vésperas das eleições para promover a reeleição de Bolsonaro – a inflação dos alimentos continuou derretendo o poder de compra dos assalariados e tirando alimentos básicos das mesas das famílias mais pobres.

Para agravar a situação, os salários se mantiveram congelados, sem reajuste acima da inflação durante os quatro anos de Bolsonaro, o trabalho precário bateu recordes com a renda desabando e as famílias sem recursos para pagar as contas básicas, como água, luz e gás de cozinha. A inadimplência e o endividamento das famílias também explodiu em níveis recordes.

A pretexto de combater a inflação, Bolsonaro deu aval para a elevação dos juros, os mais altos do mundo, arrochando não só os consumidores, mas também o setor

produtivo. A produção industrial seguiu estagnada, as vendas do comércio varejista patinando e o setor de serviços, que teve um pequeno fôlego após a pandemia, já deu sinal de esgotamento nas últimas pesquisas do IBGE.

A alta de 11,64% no grupo Alimentação e Bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio, que fechou o ano com um avanço de 13,23%.

Dos principais produtos alimentícios que compõem a mesa do brasileiro, a cebola foi a que teve a alta mais significativa no ano, de 130,14%. Mas também pesaram os custos do leite longa vida (26,18%), batata-inglesa (51,92%), Inhame (62,96%), Maçã (52,03%), Alimento infantil (42,14%), Frutas (24%), Pão francês (18,03%), Feijão (20%), Ovo (18%), Tomate (9%), Contrafilé (4,6%), Frango (4,4%) e do Arroz (2,6%).

No entanto, não foram apenas os preços dos alimentos que explodiram ao longo do ano. O Vestuário fechou em alta de 18,02%, a Saúde e Cuidados pessoais avançou 11,43%, os gastos com Artigos de residência subiram 7,89%, as Despesas pessoais tiveram alta de 7,77%, o custo com a Educação aumentou 7,48% e a inflação da Habitação ficou em 0,07%. Transportes (-1,29%) e Comunicação (-1,02%) registraram deflação no ano.

Com alta de 11,43% em 2022, o grupo de Saúde e Cuidados pessoais exerceu a segunda maior influência (0,61 p.p.) na inflação anual. Trata-se do maior aumento de preços neste grupo desde 1996, quando encerrou o ano acumulando aumento de 13,80%.

No ano, a alta nos itens de higiene pessoal chegou a 16,69%, em especial puxada pelos avanços nos preços dos sabonetes (27,62%), perfumes (22,61%), produtos para cabelo (14,97%), papel higiênico (14,06%) e absorventes (11,72%). Além disso, na Saúde e Cuidados pessoais, também pesou os planos de saúde que tiveram alta de 6,90% e os produtos farmacêuticos (13,52%).

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