Enviar armas a Kiev é apostar no conflito, afirma Zakharova, porta-voz do MRE da Rússia (Reprodução)

A Hungria vetou envio de recursos da União Europeia para fins militares à Ucrânia no valor de 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões), seria a sétima parcela concedida, informaram meios de comunicação da Polônia, na quinta-feira (19).

A rádio polonesa RMF FM divulgou que a UE usaria o dinheiro do mal denominado Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (EPF, na sigla em inglês), para financiar o fornecimento de armas e outros equipamentos militares à Ucrânia, como vem acontecendo desde o início da operação militar especial da Rússia no país vizinho.

No ano passado, os Estados da UE concordaram em usar o EPF para financiar parte dos suprimentos militares para a Ucrânia.

Espera-se que vários países pressionem a Hungria durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores agendada para Bruxelas na segunda-feira (23), disse a rádio, acrescentando queo veto daHungria “irritou” os diplomatas da UE.

O problema com que se deparam os países que estão alinhados com a política dos Estados Unidos é que o Conselho Europeu tem de votar por unanimidade relativamente a uma série de domínios políticos que os Estados-Membros consideram ser de natureza sensível.

A RMF FM também informou, citando um diplomata da UE, que os Estados-membros estavam considerando a aprovação de medidas de apoio sem Budapeste, mesmo tendo que enfrentar as consequências em termos de aumento da tensão no interior do bloco.

“Consideramos tudo isso como uma flagrante incitação provocativa do Ocidente e um aumento das apostas no conflito, que inevitavelmente levará a mais vítimas e a uma escalada perigosa”, assinalou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Por sua vez, o representante do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que as tentativas de saturar a Ucrânia com armas não favorecem negociações e terão um impacto negativo na situação.

Uma fonte explicou que o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, tentará chegar a uma definição sobre os novos acordos militares para a Ucrânia numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE que se realizará em 23 de janeiro.

O jornal alemão Suddeutsche Zeitung informou na quarta-feira (18), citando fontes, que Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, declarou em uma conversa na terça-feira (17) com Joe Biden, presidente dos EUA, que o país europeu forneceria à Ucrânia tanques Leopard 2, mas com a condição de que Washington também enviasse seus tanques Abrams, fato que não está resolvido.

Na mesma terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que “a Ucrânia deve receber todas as armas que puder usar”.

Ela foi imediatamente rebatida por Maria Zakharova. “Von der Leyen pediu que a Ucrânia receba todas as armas que puder usar. Nucleares ou o quê?”, questionou a diplomata russa.

O Ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, advertiu que os países da OTAN estão “brincando com fogo” ao fornecer armas à Ucrânia.

O ministro já havia enviado uma nota aos países da OTAN observando que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia se tornará um alvo legítimo para a Rússia.

Papiro (BL)