Washington lucra com a “guerra econômica pré-planejada” contra a Rússia, diz Pierre de Gaulle

Ao insuflar o conflito na Ucrânia e travar uma guerra econômica pré-planejada contra a Rússia, os EUA estão fazendo os europeus sofrerem, disse Pierre de Gaulle, neto do ex-presidente francês Charles de Gaulle.

Depois de encabeçar a resistência francesa contra a ocupação hitlerista durante a Segunda Guerra Mundial, Charles de Gaulle fundou o moderno sistema político francês e foi presidente de 1959 a 1969. Seu neto, consultor de estratégia e finanças corporativas, disse acreditar que o conflito na Ucrânia foi incitado pelo Ocidente.

“Eu me revolto e protesto contra essa desonestidade intelectual na crise da Ucrânia porque os gatilhos da guerra são os americanos e a OTAN”, disse Pierre de Gaulle à Associação de Diálogo Franco-Russo na semana passada.

“Os Estados Unidos, infelizmente, continuam a escalada militar, fazendo sofrer não só a população ucraniana, mas também a população europeia.”

“A escala e o número de sanções” – ele destacou – mostram que tudo isso foi organizado “com muita antecedência”.

“É uma guerra econômica, da qual os americanos são os beneficiários. Os americanos vendem seu gás aos europeus por um preço quatro a sete vezes maior do que em seu próprio país”, advertiu.

As sanções ocidentais impostas às exportações russas de combustíveis fósseis exacerbaram a crise financeira e energética na Europa, fazendo “todos sofrerem em suas vidas diárias”, disse o neto de De Gaulle.

Ele também acusou a ex-chanceler alemã Angela Merkel de “contribuir conscientemente” para o conflito ao “autorizar a expansão ultranacionalista ucraniana”, que ocorreu após o golpe pró-Ocidente de 2014 em Kiev. O governo que chegou ao poder naquele ano procurou “aniquilar a cultura russa… e a capacidade de falar russo” no Donbass, predominantemente russófono, disse ele.

As Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (DPR e LPR) se separaram da Ucrânia após o golpe de 2014. Os acordos de Minsk de 2014-15, mediados pela Alemanha, França e Rússia, foram concebidos para proporcionar uma reintegração pacífica dos territórios rebeldes na Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, citou a necessidade de proteger o povo de Donbass e o fracasso de Kiev em implementar os acordos de paz de Minsk como razões para lançar a operação militar na Ucrânia no final de fevereiro. O DPR e o LPR, junto com outros dois ex-territórios ucranianos, se juntaram à Rússia depois de votar em plebiscitos de forma esmagadora a favor da mudança em setembro.

Merkel, assim como o ex-presidente ucraniano Pyotr Poroshenko, afirmou no ano passado que Kiev usou os acordos para ganhar tempo a fim de reconstruir suas forças armadas. Nos últimos dias do ano passado, o ex-presidente francês François Hollande, outro negociador dos acordos de Minsk, confirmou que o objetivo não era a paz, mas permitir o rearmamento da Ucrânia, isto é, do regime instaurado pelo putsch de Maidan. Sucessivamente o regime emitiu leis discriminatórias para coibir e banir o uso da língua russa e perseguiu a oposição e os antifascistas.

Papiro (BL)