Trabalhadores organizaram piquetes por toda a Inglaterra (Wigan Today)

Os trabalhadores ferroviários britânicos começaram 2023 retomando, nesta terça-feira (3), a greve por melhores salários que, intermitentemente, já dura seis meses.

Cerca de 40.000 funcionários que trabalham para o Network Rail – gestor público da rede ferroviária -, e mais alguns milhares de outras 14 empresas privadas de trens, realizarão cinco dias de greve por decisão do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e de Transportes (RMT, em inglês).

Já o sindicato de condutores de trens, Aslef, em assembléia, decidiu acrescentar mais um dia.

“Devido à ação sindical, haverá serviços ferroviários significativamente reduzidos na ferrovia até domingo, 8 de janeiro”, informou a Network Rail.

“Os trens estarão menos movimentados e provavelmente começarão mais tarde e terminarão mais cedo, e não haverá serviços em alguns lugares”, registrou.

Repetidas greves ferroviárias paralisaram a rede de toda a Grã-Bretanha nos últimos meses.

Enquanto isso, enfermeiros, funcionários do aeroporto, paramédicos e funcionários dos correios também entraram na luta, exigindo reajustes salariais para compensar a inflação que atingiu 10,7 por cento em novembro, das mais altas em 40 anos. São mais de 10 anos de arrocho salarial, deixando muitos trabalhadores com difíceis condições de sobrevivência.

Em meio à situação de emergência, os sindicatos acusam o governo de bloquear as negociações.

Já representantes do primeiro-ministro Rishi Sunak disseram que o governo não pode dar aos trabalhadores do setor público um aumento equivalente à inflação, o que significa que não há fim à vista para o que foi chamado de “novo inverno de descontentamento”, em referência às lutas sindicais que dominaram a Grã-Bretanha no final dos anos 1970.

Para o secretário-geral da RMT, Mick Lynch, o Executivo “sem esconder sua falta de responsabilidade, mina os esforços para obter um acordo”, impondo condições rigorosas demais aos negociadores das companhias ferroviárias.

“Não podemos aceitar a proposta atual, abaixo da inflação. Necessitamos novos elementos na equação para chegarmos a soluções”,assinalou.

BRITÂNICOS APOIAM GREVE DE ENFERMEIRAS

Cerca de 100 mil membros do Royal College of Nursing (RCN) – o maior sindicato de enfermagem do Reino Unido – estão participando da mais recente onda de greves sem precedentes que varreu o país nos últimos meses. Além disso, é a maior greve nos 106 anos de história do RCN.

Os enfermeiros não trabalharam das 8h às 20h nos últimos dias de 2022 e o sindicato disse que milhares de seus membros entrarão em greve novamente nos dias 18 e 19 de janeiro por causa do arrocho salarial e condições de trabalho que consideram insuportáveis.

“Não desejamos prolongar esta disputa, mas o primeiro-ministro não nos deixou escolha”, disse a secretária-geral do RCN, Pat Cullen, nesta segunda-feira (2).

Trabalhadores de ambulâncias representados pelo sindicato GMB também protestam e agendaram uma nova data para greve em 11 de janeiro, após suspender a paralisação no final do mês de dezembro.

“As pessoas em todo o país têm sido maravilhosas em nos apoiar e também nos preocupamos muito com elas. É por isso que estamos avaliando permanentemente a paralisação”, disse a secretária nacional do GMB, Rachel Harrison.

Uma pesquisa YouGov publicada em dezembro revelou que dois terços dos britânicos apoiam a greve das enfermeiras. A maioria dos entrevistados disse que o governo é o maior culpado pela ação e o primeiro-ministro Rishi Sunak pode sofrer se a interrupção durar até os primeiros meses de 2023, o que vem acontecendo.

Papiro (BL)