Diretor-geral da OMS diz que escolha de Nísia para a Saúde é “excelente”
A Organização Mundial da Saude (OMS) deve estar respirando aliviada desde que pesquisadora Nísia Trindade, ex-presidenta da Fiocruz, foi nomeada ministra da Saúde do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Após dois anos de atritos com a gestão bolsonarista devido ao seu negacionismo com relação ao enfrentamento da Covid-19 e à sua posição anti-ciência, agora a entidade comemora a escolha da nova titular da pasta.
Segundo informou Jamil Chade, do UOL, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que a escolha do governo é “excelente” e salientou: “Conhecemos Nísia muito bem, tem ampla experiência e espero que ela contribua significativamente”.
Da mesma forma, Maria van Kerkhove, diretora técnica da entidade, declarou: “Damos as boas-vindas ao novo governo e estamos ansiosos para trabalhar com Nísia”.
Ao ser empossada na segunda-feira (2), Nísia apontou que “o enfraquecimento da capacidade de coordenação nacional do SUS, pelo MS (Ministério da Saúde) e a desarticulação de programas resultaram em uma resposta débil à pandemia com tristes indicadores: registrando-se no Brasil 11% dos óbitos, não obstante representemos 2,7% da população”.
Nísia disse ainda que “o Brasil está de volta. O Ministério da Saúde (MS) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) são os espaços estruturantes da governança da diplomacia da saúde no governo federal, onde é imprescindível, no campo político, coordenar as posições para a participação coerente do Brasil nos diversos espaços políticos globais, regionais e sub-regionais antes mencionados, e em muitos outros, nos quais a saúde está presente. Outra dimensão essencial na diplomacia da saúde é a cooperação internacional”.
Além de primeira mulher à frente do Ministério da Saúde, Nísia também foi a primeira a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022. É doutora em Sociologia, mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é docente.
A nova titular do MS é pesquisadora de produtividade de nível superior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com reconhecimento por sua produção científica e ações para aprimorar o diálogo entre ciência e sociedade. Sua obra é referência na área do pensamento social brasileiro, história das ciências e saúde pública.
Bolsonaro aliado do vírus
Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), enquanto países, entidades, cientistas e profissionais da saúde buscavam as melhores práticas e pesquisavam vacinas e substância que pudessem estancar a proliferação do coronavírus, o presidente brasileiro insistia em agir como aliado do vírus.
Bolsonaro desestimulou o uso de máscara e as iniciativas de isolamento social; minimizou os impactos da doença; difundiu o uso de fármacos ineficazes para a Covid-19; tratou com desdém as mortes e aqueles que procuravam se proteger; atrasou a compra de vacinas, criou dificuldades para a atuação de governadores, entre outras atitudes que contribuíram para o alto índice de mortes e contaminações enfrentados pelo país.
Chade lembrou que “ao longo dos piores meses da pandemia, a cúpula da OMS chegou a chamar Bolsonaro de ‘louco’ e causou profundo mal-estar na entidade a manipulação que o ex-presidente brasileiro fazia das declarações e informações da agência internacional. Em diversos discursos e intervenções, Bolsonaro contorceu as falas de Tedros para justificar suas próprias posições”.