Foto: reprodução

Durante o encontro com o presidente Lula, na última quarta-feira (18), as centrais sindicais ressaltaram, entre os diversos pontos das reivindicações, a questão do aumento do salário mínimo como essencial para os trabalhadores.

Depois de quatro anos de arrocho, as entidades sindicais cobram uma política de valorização do salário mínimo e que ele chegue, ainda este ano, ao valor de R$ 1.343.

Falando em nome dos sindicalistas, o presidente da CTB, Adilson Araújo, afirmou que “o salário mínimo de R$ 1.342 importa muito para a vida de 60 milhões de brasileiros”. Para Adilson, “o debate do salário mínimo não pode ser pautado pelo ‘deus’ mercado. Quem depende do salário mínimo é quem já não consegue fazer mais o supermercado”, disse.

Segundo os cálculos das entidades, o valor de R$ 1.343 corresponde a um reajuste de 10,53%, sendo 5,93% relativos à inflação de 2022 e outros 4,60% equivalentes ao crescimento do PIB em 2021.

Adilson tocou ainda no ponto crucial que o próprio Lula já está tendo que enfrentar dentro do próprio governo: o embate entre responsabilidade fiscal, que limita os gastos da União, ante as reais necessidades do país e da sociedade.

“Há aqueles que tentam impor um debate ‘responsabilidade fiscal contra responsabilidade social’”, disse Adilson. “A responsabilidade fiscal não pode ser o custo dos maus-tratos ao povo pobre, ao povo indigente, ao povo que padece de insegurança alimentar, ao povo que não tem um prato de comida. O custo fiscal precisa ser um esforço combinado”, acrescentou.

Ao falar aos sindicalistas, o próprio Lula, como já havia prometido durante a campanha, defendeu a valorização do salário.

Lula lembrou que Temer e Bolsonaro “desmontaram um conjunto de direitos que a classe trabalhadora construiu” e que “a melhor forma de fazer distribuição de renda” é garantir reajustes reais para o salário mínimo. “Não adianta o PIB crescer se ele não for distribuído com o trabalhador brasileiro. O salário mínimo tem que crescer de acordo com o crescimento da economia”, afirmou.

Durante o encontro, o presidente assinou um decreto que cria um grupo de trabalho para debater e elaborar uma proposta consensual de valorização do salário mínimo. O grupo será composto por representantes do governo (como os ministérios do Trabalho, da Fazenda e da Previdência Social), do empresariado e dos trabalhadores.

Mais dois grupos de trabalho também foram criados no intuito de debater e chegar a propostas unitárias que serão levadas ao presidente. Um sobre o fortalecimento da negociação coletiva e da representatividade dos sindicatos, e outro para debater a regulamentação dos trabalhadores em plataformas digitais.

Página 8

(BL)