Brasil é nono país com mais assassinatos de jornalistas
A ONG Repórteres sem Fronteiras divulgou levantamento que mostra o grave quadro enfrentado por jornalistas pelo mundo. Ao todo, nos últimos 20 anos, a entidade registrou o assassinato de 1.668 jornalistas, 58 somente no ano passado. O Brasil figura na vergonhosa nona colocação entre os 15 mais mortais para esses profissionais, com 42 casos nesse período.
Ao todo, entre 2003 e 2022, o número de jornalistas mortos no exercício de sua função equivale à média de 80 por ano. Os anos de 2012 e 2013 registraram os maiores picos, com 144 e 142 casos respectivamente. A principal razão seria o conflito na Síria.
No entanto, diz a RSF, “infelizmente, o número de mortos atingido em 2022 é o mais alto dos últimos quatro anos, com 58 jornalistas assassinados no exercício de suas funções – um aumento de 13,7% em relação a 2021, quando foram registradas 51 vítimas”.
A maior parte das mortes registradas no período acompanhado ocorreu em locais que não estavam enfrentando guerras. Segundo a RSF, desde 2019, a mortalidade em zonas nessa situação se estabilizou abaixo de 20 vítimas por ano.
“Apesar dos números expressivos de mortes de jornalistas em países que atravessaram conflitos armados, o maior número de casos registrado nas últimas décadas ocorreu em países considerados em paz. As motivações por detrás das execuções dos jornalistas nestas regiões estão frequentemente associadas a tentativas de silenciar investigações associadas ao crime organizado e à corrupção”, diz a entidade.
O continente americano é o mais letal para esses profissionais, respondendo por mais de 47% das ocorrências. Segundo a ONG, a América Latina é hoje, “sem dúvida, a mais perigosa” para a atividade, tendo quatro países — México, Brasil, Colômbia e Honduras — entre os mais violentos. Desde 2003, 125 jornalistas foram mortos no México; 42 no Brasil; 31 na Colômbia e 26 Honduras.
Um dos casos mais emblemáticos da situação do Brasil nesta seara é o do jornalista Dom Phllips, assassinado juntamente com o indigenista Bruno Pereira em junho de 2022, no Vale do Javari, na Amazônia. As mortes estariam relacionadas à pesca ilegal na região, marcada também por conflitos resultantes do garimpo, tráfico e roubo de madeira.
Outro caso que chocou o mundo completou 20 anos em 2022: o assassinato do jornalista Tim Lopes, executado após ter sido preso e torturado quando fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.