Rio de Janeiro - Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou a empresários argentinos e brasileiros, em Buenos Aires, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltará a financiar projetos de desenvolvimento e engenharia em parceria com países vizinhos e declarou que seu governo irá “criar condições”, por meio do banco de fomento, para a conclusão da obra estatal do gasoduto Néstor Kirchner.

A Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina e o terceiro no mundo, e o governo Lula está atuando fortemente para firmar acordos comerciais que buscam beneficiar não só a economia brasileira, mas as indústrias de ambos os países, aprofundando as relações bilaterais e a integração regional no Mercosul.

Em discurso na solenidade da assinatura de vários atos de cooperação com o presidente da Argentina na segunda-feira (23), Lula afirmou que “o BNDES vai voltar a financiar as relações comerciais do Brasil e vai voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior. É para ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse crescimento para o Brasil”.

Em coletiva à imprensa, o presidente lembrou a importância do BNDES na crise de 2008. “O BNDES é muito grande, durante a crise de 2008, se não fosse o BNDES, os bancos públicos, a economia brasileira teria quebrado”, disse sobre o aporte de 500 bilhões de reais feito no banco para financiar o o crescimento econômico”. No governo Bolsonaro, “ao invés de fazer investimento, o BNDES teve que devolver ao Tesouro Nacional, R$ 360 bilhões de reais”, disse sobre os recursos que o ex-ministro Paulo Guedes exigiu que o banco de fomento devolvesse antecipadamente para pagar juros a bancos.

“Faz exatamente quatro anos em que o BNDES não empresta dinheiro para desenvolvimento porque todo dinheiro do BNDES é voltado para o Tesouro que quer receber o empréstimo que foi feito. Então, o Brasil também parou de crescer, o Brasil parou de se desenvolver e o Brasil parou de compartilhar a possibilidade de crescimento com outros países”, declarou Lula fazendo críticas à postura da direção do BNDES, que esteve sob a direção do amigo dos filhos de Bolsonaro.

GASODUTO NÉSTOR KIRCHNER

Ao lado de Alberto Fernandez, o presidente Lula afirmou que irá criar as condições para financiar o gasoduto Néstor Kirchner. “Eu tenho certeza de que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes, no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E, se há interesse dos empresários e dos governos, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, disse.

Concluído, o gasoduto Néstor Kirchner poderá permitir ao país vizinho exportar gás e óleo da região de Vaca Muerta ao Sul do Brasil. O governo argentino busca recursos para a conclusão das obras do segundo trecho do gasoduto, que terá cerca de 500 km, e ligará os campos de óleo e gás de Vaca Muerta até San Jerónimo, na província de Santa Fé.

A reserva é uma formação geológica rica em gás e óleo de xisto. Em dezembro, a secretária de Energia da Argentina, Flávia Royón, afirmou que o governo argentino teria obtido a garantia de 689 milhões de dólares em financiamento do BNDES. No entanto, a diretoria do banco, ainda sob o governo de Jair Bolsonaro, negou tal informação, afirmando que se tratava apenas de uma consulta e assegurou que o empréstimo não foi aprovado.

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